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Cinco mil protestam contra seca e fome no Recife

Por Agencia Estado
Atualização:

Trabalhadores rurais de todas as regiões de Pernambuco fizeram hoje, no Recife, um protesto contra a seca, a fome e o desemprego e entregaram uma pauta de reivindicações aos governos estadual e federal. No início da noite os manifestantes ameaçavam acampar na frente do prédio da ex-Sudene. "Viemos negociar ações e mostrar a situação de penúria dos trabalhadores, se nada for feito, ninguém se responsabilizará pelo que poderá acontecer", afirmou o assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), promotora do protesto, José Patriota. Ele se referia à possibilidade de saques na região do semi-árido. O bispo de Afogados da Ingazeira, no agreste, dom Francisco Austregésilo de Mesquita, que acompanhou a passeata, avalizou de antemão eventuais saques. "Quando pessoas correm o risco de morrer de fome são acobertados pela lei dos homens, pela lei de Deus e pela lei da natureza para conseguir o que comer", disse ele. "São atitudes tomadas em casos de extrema necessidade". De acordo com a Fetape, 5 mil pessoas participaram da manifestação. Para a Polícia Militar, foram 2.500. Os trabalhadores saíram em passeata, pela manhã, da sede da Fetape, no bairro central da Boa Vista, e seguiram para o palácio do Campo das Princesas, onde uma comissão foi recebida e entregou uma pauta de reivindicações ao secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento Social, José Arlindo Soares. Ministro De lá seguiram, à tarde, para a sede da ex-Sudene, no bairro do Engenho do Meio, para conversar com o ministro do Desenvolvimento Agrário e coordenador da Câmara Setorial Extraordinária de Convívio com o Semi-Árido, Raul Jungmann. Enquanto uma comissão foi recebida pelo ministro, os trabalhadores se mantiveram do lado de fora, prometendo acampar no local até a aceitação de suas propostas. A audiência com o ministro não havia terminado até o início da noite. Os trabalhadores disseram que não aceitam mais "a humilhação e a vergonha" das cestas básicas e carros-pipa e querem ações permanentes no semi-árido que permitam o convívio com a seca. Eles pedem, entre outros itens, um programa de renda mínima para 400 mil agricultores, alfabetização e qualificação profissional,anistia de dívidas agrícolas, crédito especial e emergencial para manutenção dos rebanhos. Ao receber a pauta, o secretário José Arlindo Soares, a encaminhou ao ministro Jungmann, propondo ao Governo Federal a implantação de um seguro-agrícola para os trabalhadores que têm terra, bolsa emergencial de meio salário mínimo a um salário mínimo para substitutir a cesta básica e liberação de recursos do Orçamento geral da União (OGU) para obras hídricas no Estado.

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