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Cinco meses de greve prejudicam alunos do Paraná

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Por Agencia Estado
Atualização:

Na disputa entre o governo do Paraná e servidores e professores das universidades estaduais, os prejuízos sobraram para estudantes, vestibulandos e comunidade. Com mais de cinco meses de paralisação, cerca de 35 mil alunos foram afetados e praticamente perderam um semestre de estudos. Pior para os formandos que não puderam colar grau nas Universidades de Londrina (UEL), Maringá (UEM) e Cascavel (Unioeste), e, em alguns casos, deixaram de garantir um possível emprego. Em conseqüência do movimento, os vestibulares de verão da UEL e da UEM foram suspensos. Em Cascavel, 2.180 calouros comemoraram na semana passada a aprovação no concurso e já fizeram as matrículas. Mas ninguém sabe quando as aulas começarão. Com liminares judiciais, alguns estudantes conseguiram o direito de formar-se. Outros estão recebendo aulas suplementares para concluir as disciplinas. Pressão Segundo o presidente do sindicato dos professores da UEL, Cesar Caggiano, mais de 50% dos formandos estão tendo aulas. "O comando não autorizou, mas a pressão dos alunos levou a um acordo com o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão", disse. Na UEM, não há aulas. Somente 20 alunos de Medicina conseguiram judicialmente o diploma. Em Cascavel, os formandos de Odontologia receberam os diplomas por decisão judicial. O formando de Direito da UEL Leonardo Vieira é um dos que cumprem o calendário extraordinário. Estagiário em um escritório de Londrina, ele espera receber o diploma em abril. Mas já será tarde. O prazo de inscrição para as provas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encerra-se no início de março. "Vamos ter que esperar até agosto", lamenta. Prejudicial Caso a greve termine em breve, a estimativa dos sindicatos é que sejam necessários dois meses para reposição. Para a comunidade onde estão instaladas as universidades, a greve tem sido prejudicial. O Hospital Universitário de Londrina trabalha com cerca de 80% do efetivo, enquanto em Maringá o efetivo não ultrapassa 40%. Os prejuízos também se acumulam para outras categorias. A proprietária do Pensionato Pousada Universitária, em Londrina, Angelina Rita Alvares, deixou de faturar entre R$ 30 mil e R$ 35 mil nos últimos cinco meses, em função da greve. Ela desfez contratos, devolveu pagamentos antecipados das reservas do vestibular e precisou demitir três dos quatro funcionários. Autonomia financeira Para pôr fim ao movimento, o governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), apresentou nesta segunda-feira à Assembléia Legislativa um projeto de lei que institui a autonomia financeira para as universidades, com destinação de 9% do ICMS às instituições, que fariam seus próprios planos de cargos e salários. "Nós estamos dispostos a discutir isso, mas depois da suspensão da greve, que acontecerá quando o governo apresentar a tabela salarial", disse o presidente do sindicato dos professores da Unioeste, Luiz Fernando Reis. Segundo Reis, o orçamento estadual já destina 8,95% da receita para as universidades. Os professores pedem reajuste salarial de 30%. O governo não ofereceu nenhum índice, alegando que já concedeu melhorias de 114% desde 1995 e qualquer novo reajuste entraria em choque com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

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