Cigarro leva jovens às drogas. Conclusão de pesquisa da UNB

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O tabagismo entre jovens leva ao consumo de drogas mais pesadas, afirma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) divulgada hoje como mais um alerta para o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Estudos realizados pelo Ministério da Saúde (MS) entre 1990 e 2000 sugerem uma tendência de redução na ordem de 31,5% no consumo per capita de cigarros no país, mas são preocupantes os dados de consumo entre os jovens. De acordo com levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas em dez capitais nos anos de 1987, 1989, 1993 e 1997, a experimentação do tabaco aumentou entre os jovens de 10 a 18 anos. O cigarro também é a principal "porta de entrada" para o consumo de drogas mais pesadas. A conclusão é de um estudo da UnB, que mostra que entre os jovens de 10 a 20 anos que fumam diariamente no Distrito Federal (DF), 50% já experimentaram ou consomem d rogas mais pesadas. Entre os fumantes ocasionais, 17% relataram o consumo de outras drogas e entre os não-tabagistas, apenas 2% admitiram ter provado outras substâncias tóxicas. As drogas mais citadas nos questionários, por ordem de freqüência, foram maconha, cocaína, craque/merla e lança perfume. O Estudo Global do Tabagismo entre os Jovens, realizado pela médica e aluna de mestrado Márcia Cardoso, entrevistou 2.661 estudantes de 9 a 21 anos das escolas públicas e particulares do DF e constatou que 10,5% dos estudantes dos níveis fundamental e mé dio são tabagistas. A média de idade em que o hábito se inicia, segundo a pesquisa é entre 12 e 13 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% dos jovens que experimentam derivados do tabaco se tornam fumantes na vida adulta. A Organização considera o tabagismo uma doença pediátrica, já que 90% da iniciação acontece até os 19 anos de idade. Ness a faixa etária, estão os estudantes Talita e Mairon, que começaram a fumar com 14 e 15 anos respectivamente. De acordo com eles, a influência dos amigos foi o fator que mais os motivou. "É difícil parar de fumar. Dá vontade, você fuma, quer parar, mas se mpre tem pessoas do seu lado que estão fumando então fica difícil deixar o cigarro", explica Mairon. O MS criou, em 1998, o Programa Saber Saúde de Prevenção do Tabagismo e outros fatores do risco de câncer nas escolas. A iniciativa capacita profissionais das áreas de saúde e educação de estados e municípios a darem informações sobre o tabaco para aluno s do ensino fundamental (6-14 anos). Os estudantes do ensino médio (15-18 anos) são agregados ao processo como multiplicadores. Organizações não-governamentais também se esforçam para combater o tabagismo. Em Brasília, funciona há cinco anos o grupo Fumantes Anônimos, cujo objetivo é ajudar as pessoas a largar o vício, em reuniões que se realizam uma vez por semana. "O cigarro é uma dependência química, física e emocional e a mais difícil de abandonar", afirma o coordenador dos grupos de fumantes anônimos do DF, Lincoln Brum. Dados da OMS de 2001 indicam que a nicotina causa 80% de dependência, o que significa dizer que de cada dez pessoas, apenas duas conseguem abandonar o cigarro. As outras drogas que causam mais dependência são a heroína (35%), cocaína (22%), maconha (11%) e o álcool (6%). O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que cerca de 200 mil pessoas morrem todos os anos da doença em decorrência do fumo. As informações são da Agência Brasil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.