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Cigarro e barriga, principais fatores de risco de enfarte em São Paulo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quem fuma tem quase seis vezes mais risco de enfartar em comparação com não-fumantes. Já para aqueles que se descuidaram e ganharam peso concentrado no abdome, o risco é quatro vezes maior do que para quem não tem barriga. Cigarro e gordura abdominal são os principais fatores de risco para o enfarte na população da Grande São Paulo, segundo pesquisa do cardiologista Álvaro Avezum, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Depois do cigarro e da obesidade abdominal, a pesquisa de Avezum mostra que pressão alta, colesterol LDL alto, diabete e história familiar de problemas cardíacos são os outros fatores de risco associados ao enfarte. Cada um tem um impacto diferente. Em compensação, quem tem colesterol HDL (a fração boa do colesterol) alto tem 47% menos risco de enfartar. O HDL funciona como um fator protetor contra enfarte. A pesquisa foi feita com 553 pacientes em 12 hospitais da rede pública e particular. Avezum comparou características de 271 enfartados com 282 pessoas que não tiveram enfarte. A amostra é estatisticamente representativa para a população da Grande São Paulo. Para diminuir o risco de ter um enfarte, basta parar de fumar, cuidar da alimentação e fazer exercício. "Os médicos têm de se dedicar à correção dos fatores de risco em seus pacientes", completa Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Estima-se que 25% dos brasileiros fumem. No Estado de São Paulo, são 18%. "Se derrubarmos essas taxas, os números de enfarte despencam junto", diz Avezum. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Juarez Ortiz, explica que a presença de mais de um fator de risco potencializa o perigo de enfarte. O estudo de Avezum analisou o impacto de cada fator de risco de forma independente. Na avaliação de Ortiz, as pessoas até se lembram de que fumo prejudica a saúde, mas se esquecem de conter o acúmulo de gordura no abdome. A obesidade abdominal é detectada por meio da relação da medida da cintura com a do quadril (ambas em centímetros). O resultado deve ser menor que 0,93 para os homens; para as mulheres o limite é 0,83. "A dica para evitar obesidade abdominal é simples: não faça prato montanha. O correto é comer pouco, várias vezes ao dia, evitando alimentos gordurosos." Os fatores de risco do enfarte são bem conhecidos, mas sempre com base em estudos norte-americanos ou europeus. "Há diferenças de impacto de cada um deles entre as populações", diz Avezum. Nos Estados Unidos, fumar dobra o risco de enfarte. Nos países escandinavos, a diabete é o principal fator de risco. Enfartes são provocados pela diminuição ou interrupção do fluxo de sangue para o músculo cardíaco (miocárdio). Sem sangue, falta oxigênio no miocárdio. Sem socorro rápido, os tecidos morrem. É a formação de placas de gordura nas artérias coronárias que obstrui a passagem do sangue, provocando o enfarte. De acordo com estimativas, os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, serão atingidos por uma epidemia de doenças cardiovasculares em 2010. "Para reverter esse quadro, temos de adotar medidas preventivas, ou seja, eliminar os fatores de risco", afirma Avezum. O próximo passo do pesquisador será usar os resultados do estudo como instrumento de implementação de políticas preventivas no País.

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