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Cidades pequenas também conseguem pagar salários acima da média para professores

Exceções, municípios como Vista Alegre do Alto e Piraju, no Vale do Paranapanema, têm salários que superam o piso

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Por Katia Brembatti
Atualização:

Em geral, cidades pequenas, com menor arrecadação, têm mais dificuldade para pagar o piso dos professores. Mas há exceções, que conseguem pagar acima da média. O valor inicial em Vista Alegre do Alto – cidade de 8,8 mil habitantes entre Ribeirão Preto e São José do Rio Preto – R$ 2.985 para a jornada de 30 horas (equivalente a R$ 3.980 para 40 horas).

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A secretária municipal de Educação, Maria Rita Vieira Cunha, explica que o salário acima do piso é consequência do orçamento privilegiado, já que a prefeitura tem arrecadação maior por causa de uma usina de álcool e açúcar e de um polo industrial. “Ganha-se bem, mas trabalha-se muito”, resume. Ela comenta que a cidade atrai trabalhadores de outros Estados, que trazem os filhos que chegam com defasagem no aprendizado.

A rede municipal conta com 58 professores e 758 alunos – uma estrutura enxuta, mas fácil de monitorar. Maria Rita conta que o investimento no salário do magistério cria um círculo virtuoso. “A gente valoriza e eles dão retorno. Como eles ganham, a gente exige”, explica a secretária.

Desrespeito à lei do piso salarial dos professores é mais comum em cidades pequenas, mas há exceções Foto: Gabriela Biló / Estadão

Mas nem só as cidades com arrecadação acima da média conseguem pagar salários mais altos para os professores em início de carreira. Piraju, no Vale do Paranapanema, tem 29 mil habitantes, e piso de R$ 2,82 mil para 30 horas de trabalho (equivalente a R$ 3,76 mil para 40 horas). Segundo a secretária municipal de Educação, Sirlene Soares Garrote, o valor é resultado de um plano de carreiras que começou a vigorar em 2018 e da prioridade para investimentos na área. São 260 professores na cidade e o prefeito José Maria Costa (DEM) foi reeleito.

As primas Amanda Ramos Pereira e Viviene Ramos Garcia, de 31 e 32 anos, respectivamente, escolheram a mesma profissão e fizeram os mesmos cursos. Ambas são graduadas em Pedagogia e Artes e atuam como professoras na rede municipal de Piraju. Amanda comemora o valor do salário que recebe, porque sabe que numa cidade vizinha as colegas ganham o piso e porque trabalhou na rede privada, com salário menor. “Quando o professor é valorizado é nítido o resultado”, diz.

Já Viviene acredita que o valor acima do piso ainda está longe do necessário. Ela trabalha no contraturno e vende Tupperware para aumentar a renda. “Gostaria que fôssemos mais valorizados pois sabemos o quanto é necessário estar junto com os filhos na primeira infância. Tenho um filho pequeno e sofro por deixá-lo um pouquinho a mais na escolinha para complementar a carga, por causa do salário”, diz.

Outra prefeitura que consegue pagar acima do piso é a de Itupeva, cidade com 61 mil habitantes da região de Jundiaí. O valor inicial para professores com carga de 30 horas é de R$ 3,6 mil (equivalente a R$ 4,8 mil para 40 horas). O secretário municipal de Educação, Fabio José de Andrade, comenta que os benefícios, como adicionais para despesa com alimentação e combustível, fazem a remuneração ficar ainda mais atrativa. Tanto que o último concurso público, no ano passado, teve 4 mil candidatos para 40 vagas.

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Por causa de um plano de cargos instituído em 2016 e da decisão de investir mais do que o mínimo exigido por lei em educação, os salários foram aumentando gradualmente. “Ainda não é ideal, pois não chegou à média de outras profissões com curso superior”, avalia. Itupeva gasta 27,5% do orçamento de R$ 353 milhões na rede municipal de ensino.

Há ainda a situação inusitada envolvendo cinco cidades paulistas que não municipalizaram o ensino fundamental. O dinheiro que recebem do governo federal é aplicado apenas em pré-escola e creche. É o caso de Alfredo Marcondes, com 4 mil moradores, no Oeste. A secretária municipal de Educação, Cristina Matias, conta que a rede é formada apenas por oito professores e 227 alunos. O ensino fundamental fica a cargo do governo de São Paulo. 

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