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Chomsky critica propostas de Chávez

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia após a passagem do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pelo 3º Fórum Social Mundial, uma das estrelas do encontro, o intelectual radical americano Noam Chomsky, criticou duas das propostas apresentadas pelo venezuelano: a criação de uma aliança de países da América Latina que produzem petróleo e de uma espécie de Fundo Monetário Latino-Americano. Segundo Chomsky, embora a idéia de uma solução dos latino-americanos "faça sentido", o que deve haver é uma opção planetária, e não restrita, à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O comentário foi mais um capítulo da polêmica que ontem marcou a passagem do presidente pela reunião, gerando algum mal-estar entre seus organizadores. "A América Latina pode contribuir, mas assim como não deve haver um Fórum Social Latino-Americano, há um Fórum Social Mundial, a alternativa à Opep e ao FMI deve ser mundial", afirmou Chomsky. Quem esperava que o intelectual atacasse a idéia de pacto social lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou se decepcionando. Chomsky defendeu a proposição, em sua opinião "um espaço de grupos populares para superar a tirania e a opressão". Como exemplo, ele citou a Revolução Inglesa do século 17. "As pessoas queriam derrubar o governo de lordes e reis, fizeram a revolução, que falhou, mas o fracasso sempre deixa rastros", afirmou. "É por causa do pacto social que vivemos sem escravidão, sem o jugo de reis e princesas e não há mais golpes militares na América Latina como havia há 40 anos", disse ele. Chomsky elogiou a vitória de Lula, que atribuiu à força dos movimentos sociais. "O sucesso eleitoral do Brasil é impressionante", declarou. "Foi a eleição mais livre do hemisfério, com um candidato autêntico de esquerda, que tem base popular, e o programa sai do Fórum (Social Mundial), afirmou. Ele disse que a vitória do petista é "assustadora para as elites" e atribuiu a ela parte do que chamou de "clima sombrio" que cercou a reunião anual do Fórum Econômico Social em Davos este ano. Para ele, a possibilidade de um golpe contra Lula está praticamente descartada, porque o povo do Brasil e dos Estados Unidos não o tolerariam e porque agora existem outros meios de controle. "Há o neoliberalismo, cujo principal objetivo é reduzir o perigo das democracias", afirmou. "No Brasil, assim que ficou claro que Lula seria eleito, houve fuga de capitais e ataque à moeda", disse. Para Chomsky, a privatização tem o objetivo de "reduzir as alternativas de escolhas democrática".

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