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China reconhece que dados sobre pneumonia são incompletos

Por Agencia Estado
Atualização:

Autoridades da Saúde em Pequim admitiram hoje conhecer o "número exato" de casos de pneumonia asiática no país, mas dizem que é o governo quem tem que divulgar as informações. "Eu sei qual é o número exato, mas não posso dizer", afirmou He Xiong, vice-diretor do Departamento de Prevenção e Tratamento de Doenças de Pequim, num encontro com jornalistas estrangeiros na China. "De acordo com a lei da China, a divulgação dos números cabe ao governo", declarou He Xiong, adiantando que "o governo está coordenando as partes relevantes de cada departamento", para que em breve os números sejam divulgados. O número oficial de casos de infecção com o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars), ou pneumonia asiática, em Pequim é de 37 casos e quatro mortes. Segundo as previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS), além dos "100 a 200 casos prováveis", "mais de mil" pessoas poderão estar em observação nos cerca de 30 hospitais da capital chinesa, com mais de 13 milhões de habitantes. He Xiong admitiu que "o número de casos suspeitos é certamente maior do que o confirmado", e disse acreditar que "os números da atual situação serão revelados (pelo governo)". Após uma denúncia de um médico chinês, uma delegação da OMS concluiu que em Pequim as estatísticas oficiais chinesas não incluem os casos dos hospitais militares - fato que He Xiong também confirma - e, por outro lado, que o sistema de vigilância da doença na capital chinesa "não é de confiança". Uma outra autoridade do Centro de Tratamento e Prevenção de Doenças, Ma Yexiong, também presente no encontro, assegurou, contudo, que "(o surto da Sars em Pequim) está controlado". Mais cauteloso, He Xiong disse que "é muito difícil fazer previsões" em relação à evolução do vírus na capital, onde já matou 65 pessoas e infectou 1.445, sendo a província do sul, Guangdong, a mais afetada. Alguns estabelecimentos de ensino na capital chinesa estão fechando totalmente ou em parte, após a detecção de casos suspeitos, como é o caso da universidade de elite Beida, o que, na opinião de He Xiong, só acontece porque as pessoas estão entrando em pânico. "Pode-se compreender que algumas pessoas entrem em pânico, mas pelas escolas e universidades que contatamos, pensamos que a situação não é tão assustadora como parece", afirmou He, acrescentando não ter recomendado o fechamento dos estabelecimentos de ensino. Os chineses preparam-se para celebrar mais uma das chamadas "semanas douradas" do ano, a propósito do feriado de 01 de maio, que, como habitualmente, é "esticado" durante uma semana, até o dia sete, fato que implica em regra um grande movimento de pessoas. He afirmou que não há necessidade do governo emitir um alerta às pessoas para evitarem viajar, justificando que "avaliando pela situação atual, acreditamos que é seguro". "Constatamos que o contágio não é muito fácil, tem de haver um contato muito próximo, como acontece quando as pessoas trabalham juntas", explicou Ma Yexiong, também vice- diretor do Centro de Tratamento e Prevenção de Doenças. Na principal estação ferroviária de Pequim, que tem um movimento diário de 40 a 50 mil pessoas, um dos vice-diretores, Guo Qifu, garantiu que "a Estação Ocidental de Pequim é segura". Guo disse que o impacto da doença no fluxo de passageiros "ainda não é muito evidente", mas poderá ser visto durante a semana do feriado de 1º de Maio. Nenhum caso suspeito de infecção de Sars foi detectado na estação - confirmaram as autoridades - desde que nos últimos 11 dias foram colocados vigilantes a bordo dos trens e nas plataformas, para a possibilidade de existirem passageiros com sinais de terem contraído a doença. O último sucesso de vendas da Tongren Tang - uma reputada produtora centenária de medicamentos de medicina tradicional chinesa, com forte implantação dentro e fora do país - para prevenir o contágio da Sars, permite medir o nível de preocupação das pessoas. "Eu sou produtor, faço aquilo que o mercado pede", disse Mei Qun, gerente da empresa com sede em Pequim, que comprou a receita de um prestigiado médico da capital, especialista em medicina tradicional chinesa. Mei disse que 480 mil pessoas, em Pequim, já compraram o medicamento, desde que foi colocado à venda, na semana passada. "Não vale a pena ter medo, mas é melhor prevenir um pouco", disse uma das compradoras, que faz fila para obter uma caixa com 24 garrafas do produto, três para cada membro da família de cinco pessoas, conforme a receita, que recomenda a ingestão de uma garrafa por dia. O medicamento "é para prevenir", contou Mei, acrescentando que "as pessoas sentem-se mais descansadas tomando- o". Custa 12 yuans (US$ 0,12) e já é um "sucesso de vendas". SRAS Veja o índice de notícias sobre a pneumonia atípica

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