Chico Alencar contratou empresa de colega do PSOL

Parlamentar gastou R$ 26 mil com consultoria do ex-deputado João Alfredo

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Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) gastou R$ 26.250 da verba indenizatória em 2008 com serviços prestados pela empresa Eco Social Consultoria, de propriedade do ex-deputado e hoje vereador João Alfredo, do mesmo partido. Durante dez meses, a Eco Social prestou consultoria para o gabinete do deputado, ao custo de R$ 2.625 mensais. No período, o ex-parlamentar do PSOL estava sem mandato. Neste ano, desde que Alfredo tomou posse na Câmara Municipal de Fortaleza, os serviços foram suspensos. Os gastos com a empresa foram equivalentes a 15% do total de despesas de Alencar com verba indenizatória no ano passado, de R$ 174.309. O PSOL foi o autor do pedido de investigação de possíveis irregularidades nos gastos com segurança feitos pelo ex-corregedor da Câmara Edmar Moreira (sem partido-MG) utilizando verba indenizatória. Há suspeita de que os recursos tenham sido destinados a empresas de vigilância de Moreira ou de seus parentes. A partir da solicitação do PSOL, o corregedor Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) passou a investigar os gastos de Moreira. A contratação dos serviços da Eco Social por Alencar foi questionada ontem pelo ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), que considerou o episódio "um caso para a corregedoria e a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados". Para ele, Alfredo foi eleito vereador "com uma ajudinha da verba indenizatória de deputado federal de seu próprio partido". A declaração de bens de Alfredo entregue à Justiça Eleitoral em 2008 informa que ele tem 50% do capital da Eco Social, equivalentes a R$ 1 mil. Chico Alencar disse que "a consultoria teve importância enorme em uma série de atividades do mandato, como proposições, análise de projetos, acompanhamento de audiências públicas". O deputado afirmou que não há qualquer ilegalidade na contratação e que a empresa de Alfredo é uma referência no setor ambiental, agrário e de direito público. "A empresa não é propriedade do político João Alfredo. O Cesar Maia quer apequenar a atuação de João Alfredo. A consultoria foi extremamente útil e prestada rigorosamente dentro dos limites que a verba indenizatória comporta", defendeu Alencar. "Não é por ser do PSOL que vai ser vetado nessa área", prosseguiu o deputado, que divulga a sua prestação de contas com verba indenizatória desde 2008. As normas de uso da verba indenizatória não fazem restrição à contratação de serviços ou realização de compras em empresas ou estabelecimentos de propriedades de deputados, de parentes ou outras pessoas ligadas aos parlamentares. As prestações de contas são sigilosas e vão se tornar públicas a partir de abril.

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