"Cheguei a pensar em desistir, mas já não tinha volta", disse Suzane Richthofen

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Por Agencia Estado
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"Eu estava com raiva. Eles queriam me afastar do Daniel. E foi tudo uma loucura. Cheguei a pensar em desistir mas já não tinha volta", disse Suzane Louise von Richthofen para as colegas de cela na noite de ontem, no 89.º DP antes de dormir, num comentário curto e rápido. As 11 presas e os encarregados da carceragem queriam saber os motivos que a levaram a planejar a morte dos pais, o engenheiro Manfred Albert von Richthofen e a psiquiatra Marísia. O casal foi morto a golpes de barra de ferro, enquanto dormia, pelo namorado de Suzane, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 21 anos, e pelo irmão dele, Christian, de 26, que roubaram jóias dólares e dinheiro. Antes do crime, os três fumaram maconha. Suzane abriu a casa, acendeu as luzes e indicou o quarto onde estavam os pais. Ficou no carro, na garagem, enquanto os pais eram mortos. Suzane chorou quando falou para as presas da saudade que tinha do namorado e do irmão Andreas, de 15 anos. Depois dormiu. Hoje acordou por volta das 8 horas assim que a porta da cela foi aberta pelo carcereiro que serviu o café. Ela aceitou o pão, café preto e um tablete de manteiga. Depois foi para o pátio e fumou vários cigarros cedidos pelas demais presas que respondem a processos e inquéritos por tráfico, homicídio e roubo. Perguntou ao carcereiro se alguém da família de Daniel tinha estado na delegacia. "São as únicas pessoas que vão estar ao meu lado", disse ao carcereiro. Na noite de ontem, na cela em que divide com uma advogada processada por tráfico e com a mulher acusada de matar o marido, o "rei" dos armarinhos, Suzane não quis assistir ao noticiário na TV sobre o crime que praticou. Miguel Abdalla, médico ginecologista e irmão de Marísia Richthofen, disse que foi difícil acreditar que a sobrinha planejara a morte dos pais com o namorado. Ele ficou impressionado com a confissão de Suzane e afirmou não entender como uma garota que teve tudo o que sempre quis pudesse odiar os pais a ponto de planejar a morte deles. Andreas vai ficar com a avó Lourdes Magnani Abdalla, de 81 anos, mãe de Marísia, e com o tio Miguel. Namorado O namorado de Suzane e o irmão passaram uma noite "tranqüila". O pai, Astrogildo Cravinhos de Paula e Silva esteve no 77.º DP e deixou roupas, cobertores, material de higiene. Os dois, que estão na mesma cela onde esteve o ex-vereador Vicente Viscome, não foram ameaçados pelos presos. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pesssoa (DHPP) vai reconstituir o crime esta semana. Suzane, Daniel e Christian vão ser levados para a residência e indicar aos peritos como mataram o casal.

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