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Chegam a 23 os presos pela PF em operação no AM

Por ANDRÉ ALVES
Atualização:

Subiu para 23 o número de presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Vorax, que desbaratou hoje uma quadrilha especializada em fraudar licitações em Coari, no interior do Amazonas, a 370 quilômetros de Manaus. A PF estima que o bando tenha movimentado pelo menos R$ 49 milhões entre 2001 e 2008. Foram cumpridos 23 mandados de prisão temporária e 48 de busca e apreensão. De acordo com o superintendente da PF no Estado, delegado Sérgio Fontes, o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PP), "é o chefe da quadrilha". Segundo Fontes, a prisão de Pinheiro foi pedida pela polícia e recomendada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) negou o pedido. "Todos os outros mandados foram acatados, menos o dele (Pinheiro). Acredito que a Justiça Federal tenha entendido que não era importante a prisão do prefeito, mas, no nosso entendimento, era sim", reclamou o superintendente da PF no Amazonas. Segundo o delegado da Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz) da PF no Estado, Jocenildo Cavalcante, estão envolvidos no esquema 75 companhias de construção civil, firmas que forneciam mercadorias à prefeitura de Coari e empresas de promoções de eventos. Conforme Cavalcante, as empresas participavam dos desvios de recursos públicos, originários de convênios federais, estaduais e municipais, "mediante fraudes sistemáticas em licitações", falsificação de documentos, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Ele disse que a organização criminosa era "especializada em dilapidar o patrimônio público", apropriando-se, indevidamente, de recursos de origem federal e de royalties recebidos pela prefeitura de Coari na exploração de petróleo e gás natural. Petrobras Só em 2007, a Petrobras repassou à prefeitura R$ 200 milhões em royalties. Vorax, que denominou a operação, é uma bactéria que se alimenta de petróleo. A secretária da Representação de Coari em Manaus da prefeitura, Elizabete Pinheiro Zuidgeest, e Eduardo Pinheiro, irmãos do prefeito da cidade do interior amazonense, foram presos, acusados de participarem do esquema. O ex-secretário municipal de Governo Adriano Salan e um assessor direto de Adail Pinheiro, Haroldo Portela, também detidos presos pela corporação. "As investigações detectaram que Adail Pinheiro é o comandante de todo um esquema fraudulento", disse Cavalcante, na sede da Superintendência da PF. Procurados, o prefeito de Coari e a assessoria dele não se pronunciaram até as 18h30. A investigação da PF durou dois anos e foi realizada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal. Segundo a PF, o esquema fraudulento estava em vigor desde 2001. Um total de 180 agentes federais participaram da ação, que cumpriu mandatos de prisão e de busca e apreensão em Manaus, Coari e Novo Airão (AM), Boa Vista (RR) e Brasília. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal do Amazonas e pelo TRF1. A assessoria da PF no Amazonas divulgou ser "praticamente impossível" somar com exatidão o valor dos desvios. "As investigações detectaram que somente para cinco das empresas utilizadas no esquema foram repassados recursos da ordem de mais de R$ 49 milhões", informou. Em março, o procurador regional da República Alexandre Camanho de Assis encaminhou uma ação ao TRF1, acusando Adail Pinheiro dos crimes de obtenção de vantagem ilícita e promessa de favor indevida a funcionário público.

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