Chávez ignora pedido de Lula e ataca EUA na Unasul

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Por MARINA GUIMARÃES
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Em seu longo discurso no início da cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou o governo dos Est ados Unidos de ter objetivos de "mobilização de guerra" ao expandir bases norte-americanas na Colômbia. Com isso, Chávez praticamente ignorou pedido feito horas antes pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para que moderasse o tratamento das discussões sobre o assunto. Durante seu discurso, Chávez exibiu um documento intitulado Livro Branco de Comando de Mobilidade Aérea e Estratégia Global de Base de Apoio do Governo dos EUA. Segundo o presidente venezuelano, o documento deixa claro os objetivos de "mobilização de guerra" por parte dos militares norte-americanos. Chávez afirmou que a estratégia no texto "estabelece um lugar no território latino-americano que possa ser usado tanto para combater o terrorismo, quanto para mobilização militar". Dessa forma, ele contestou os argumentos do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de que o acordo com os EUA "visa apenas uma ajuda à Colômbia no combate ao narco-terrorismo, sem renunciar à soberania colombiana". Antes, em seu discurso, Uribe também havia atacado Chávez indiretamente, ao dizer que, na Colômbia, "a liberdade de expressão e a imprensa são respeitadas". Ele fez uma referência ao tratamento de Chávez com os meios de comunicação na Venezuela, onde mais de 30 emissoras de rádio e televisão foram fechadas recentemente. Uribe também reivindicou aos membros da Unasul que reconheçam as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como grupos "narco-terroristas, como reconhecem a Europa e os EUA". "Nos preocupa que a América Latina não reconheça este grupos como terroristas e que alguns países os tratem como aliados em seus territórios", disse.ObamaApós a fala de Chávez, o presidente do Equador, Rafael Correa, que exerce a presidência pro tempore da Unasul, propôs que o documento apresentado pelo colega venezuelano seja analisado detalhadamente pelo Conselho de Defesa da Unasul. Depois, a entidade solicitaria uma reunião com o presidente norte-americano, Barack Obama, para explicar o conteúdo do texto. "Não posso aceitar que um documento do governo dos EUA nos trate como quintal deles, onde podem instalar base militar, tanto para mobilização, quanto para combate contra drogas. Estou muito preocupado com esse documento e creio que no século 21 isso é inaceitável", afirmou Correa.

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