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Chanceler britânico pede entrada do Brasil no Conselho da ONU

William Hague quer acabar com a 'negligência' nas relações entre Reino Unido e América Latina

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Por BBC Brasil
Atualização:

No primeiro discurso de um chanceler britânico dedicado inteiramente à América Latina em 200 anos, o ministro William Hague defendeu nesta terça-feira, 9, a entrada do Brasil no Conselho de Segurança (CS) da ONU e o fim da "negligência" nas relações entre a Grã-Bretanha e os países latino-americanos.

 

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"Vamos interromper o declínio da presença diplomática britânica na América Latina", disse Hague em discurso na Canning House, centro de estudos das relações entre britânicos, hispânicos e luso-brasileiros, em Londres. O chanceler afirmou que a Grã-Bretanha "continuará a pedir por uma reforma na ONU, incluindo a expansão do Conselho de Segurança com o Brasil como membro permanente". É uma questão, segundo Hague, de "legitimidade e equilíbrio" mundial de poder. O Brasil é atualmente membro rotativo do CS, e a vaga permanente é uma reivindicação antiga do país. Os membros permanentes - com poder de veto sobre as resoluções que tramitam no conselho -são EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia. Países emergentes reivindicam uma reforma, alegando que o CS não representa mais a distribuição de poder econômico e geopolítico do mundo atual. No entanto, a reforma no CS não é um consenso, e sua concretização pode levar anos. Sendo assim, a fala do chanceler britânico é sobretudo um gesto diplomático, semelhante ao feito por Barack Obama, na segunda-feira, em Nova Déli, quando defendeu a entrada da Índia no CS. 'Nova forma' Hague disse que é "hora de pensar uma nova forma sobre a América Latina e sobre as oportunidades de cooperação política, comércio e investimentos" com a região. O chanceler afirmou que a Grã-Bretanha tem um histórico de "subestimar" o continente latino, mas que isso vai mudar na atual administração - formada por uma coalizão entre conservadores e liberais-democratas e que assumiu o poder em maio. Ressaltou, no entanto, que a Grã-Bretanha não mudará "sua posição" quanto às ilhas Falkland (ou Malvinas) - cuja soberania é disputada com a Argentina -, sem deixar que o tema seja um "obstáculo" para a cooperação com os latino-americanos. Num momento em que a Grã-Bretanha enfrenta um grande déficit público e aplica duras medidas de austeridade, o chanceler citou o interesse em aumentar as exportações britânicas à América Latina, que atualmente são três vezes menores do que as exportações britânicas à Irlanda, disse ele. Como exemplo de avanços, Hague citou a missão de empresários liderada pelo secretário de Negócios, Vince Cable, que veio ao Brasil em agosto. E falou do esforço em firmar acordos comerciais para "modernizar" a Marinha brasileira.

 

 

Em entrevista em julho, Hague havia incluído o Brasil entre as prioridades do novo governo britânico em política externa, alegando que a Grã-Bretanha precisa aumentar "sua influência e seu alcance global" num momento em que "o poder econômico e as oportunidades econômicas estão se movendo para os países do Leste e do Sul".

 

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