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Chacina de Unaí completa 3 anos marcada pela impunidade

Dos nove acusados, quatro permanecem em liberdade e nenhum foi a julgamento

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Por Agencia Estado
Atualização:

Neste domingo, quando a chacina de Unaí completa três anos, sem nenhuma condenação, o clima tenso dessa cidade mineira parece não ter arrefecido. Mesmo após o fuzilamento de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista, os processos seguem tramitando na Justiça e o Sindicato Nacional dos Fiscais do Trabalho (Sinait) sustenta que mais auditores viraram alvo de ameaças. Alguns fazendeiros estariam até mesmo usando o episódio da chacina para intimidar fiscais que, como os quatro funcionários assassinados em 28 de janeiro de 2004, investigam denúncias de trabalho em regime similar ao da escravidão. Unaí, com 80 mil habitantes, concentra os maiores produtores de feijão do Brasil. Em memória às vítimas, os parentes dos auditores Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e do motorista Ailton Pereira de Oliveira promoverão neste domingo uma manifestação no local do crime - uma estrada rural nas proximidades do município. Eles cobram o rápido julgamento dos acusados. Prisões Dos oito investigados por acusação de envolvimento com o crime, quatro estão em liberdade. Na cadeia, apenas os supostos executores: Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan e William Gomes de Miranda, além do caseiro Francisco Élder Pinheiro, intermediário. Acusado de ser um dos mandantes dos assassinatos, o fazendeiro Norberto Mânica foi mandado para a Penitenciária de Contagem (MG), mas libertado, há dois meses, por um habeas-corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Ministério Público levantou provas de que Mânica pressionou e tentou subornar testemunhas. Seu irmão, Antério Mânica (PSDB), prefeito de Unaí, também é acusado como mandante do crime. Em entrevista concedida há um ano ao Estado, porém, Antério negou qualquer envolvimento com as execuções. "Tenho tanto a ver com essas mortes dos fiscais quanto você", disse ele à reportagem. O prefeito alegou que seu nome foi envolvido pelo fato de ser irmão de Norberto - maior produtor individual de feijão do País. Outros fazendeiros, acusados de integrar um consórcio montado para arquitetar o crime também estão livres.

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