Cerimônia do PAC em SP tem vaias e preocupação apartidária

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Por CARMEN MUNARI
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A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na favela de Heliópolis, zona sul da capital paulista, para anunciar contratos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, foi um misto de vaias e aplausos, espera de horas sob sol forte e insistência das autoridades federais ao afirmar que o PAC não é plano de um partido. "Estão representados neste palco diversos partidos. O PAC é de todos, não é partidário", disse o ministro Marcio Fortes (Cidades), que é do PP. Acompanhado por outros quatro ministros, Lula dividiu o palco, instalado em uma viela da favela, com o governador paulista José Serra (PSDB) e o prefeito da cidade, Gilberto Kassab (DEM), de legendas de oposição, além de senadores, deputados e lideranças da comunidade. Marcado para começar às 12h45, o evento ao ar livre teve início quase uma hora depois, mas o público chegou ao local bem antes do horário programado e esperou de pé. Uma boa parte da multidão não pôde sequer ver as autoridades, porque o tablado para a imprensa impedia a visibilidade. A favela tem cerca de 60 mil moradores, uma das maiores da capital. Após afirmar que nos últimos 50 anos a população carente não teve acesso a serviços de infra-estrutura de qualidade, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada para concorrer à sucessão de Lula, disse que os investimentos do PAC alteram o padrão tradicional de acordo entre partidos. "Parceria com governo e município, parceria diferente que rompe os padrões de política feito no Brasil até hoje que é dar dinheiro só para aqueles que concordam contigo, não olhando o interesse da população, mas olhando o interesse imediato daquele ou desse partido", disse Dilma, para quem a parceria reverte em um volume maior de investimentos. Obras do PAC acertadas nesta terça-feira nas áreas de saneamento, urbanização e habitação para o município de São Paulo atingem 1,4 bilhão de reais em recursos da União, Estado e município. Serra optou, no discurso, por responder ao estudo divulgado na segunda-feira pela ministra Marta Suplicy (Turismo), presente ao evento e que em breve deve assumir a candidatura à prefeitura de São Paulo. O plano prevê a necessidade investimentos de 15,3 bilhões de reais no transporte da cidade, em metrô e corredores de ônibus, e foi feito visando a realização da Copa 2014. Citando números de investimento, em meio ao público que cantava "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", Serra disse que em 2010 as linhas do metrô somadas às de trens da CPTM vão atingir 240 quilômetros. Para isso, os trens vão necessitar de obras "para parecer com o metrô". Kassab, vaiado e aplaudido ao chegar ao palco e no início do discurso, citou o nome de Serra pelo menos sete vezes em sua fala. "Querido governador", disse em uma delas. Lula disse que as obras do PAC vão estar concluídas até 2012, enquanto seu mandato termina em 2010. "Se a gente pensar apenas no mandato da gente, a gente vai apenas fazer curativo e não vai fazer uma cirurgia que possa resolver definitivamente o problema das comunidades que moram nos lugares de maior carência do país", afirmou no discurso. TIMÓTEO Ainda no início da cerimônia, o vereador Agnaldo Timóteo (PR) chamou a atenção do presidente Lula. Timóteo bateu boca com a segurança da Presidência para entrar no local. Ele dizia: "Eu sou uma autoridade, um eleitor". Lula primeiro fez sinal a um dos seguranças. Sem sucesso, minutos depois levantou e dirigiu-se pessoalmente ao local da discussão, liberando a entrada do cantor. No discurso, Lula ainda fez menção a Timóteo como "companheiro, que nos momentos difíceis prestou uma solidariedade enorme".

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