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Cenário: Começou há 1 ano, mas sensação é de uma década

'É pouco provável que exista retorno ou possibilidade de contramão nesta acelerada autopista rumo à desintegração do atual governo'

Por Alberto Bombig
Atualização:
Protestos reuniram milhares de pessoas no dia 15 de março de 2015 Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

Não parece que foi ontem. Desde 15 de março de 2015, os brasileiros se entregam freneticamente a refregas em redes sociais, mesas de bar e nas ruas. Naquela altura, o maior e mais influente empreiteiro do Brasil, Marcelo Odebrecht, ainda dava expediente na sede de seu conglomerado, em São Paulo. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um político prestigiado e poderoso. Delcídio Amaral (PT-MS) era líder do governo no Senado. Joaquim Levy era o ministro da Fazenda que ia salvar a economia. O impeachment da presidente Dilma Rousseff era tratado como um delírio dos “coxinhas” e Lula era um mito intocável, capaz de caminhar sobre as águas. 

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Porém, desde que milhares de brasileiros foram às ruas naquele 15 de março, Marcelo Odebrecht está preso em Curitiba. Eduardo Cunha é um político manco e de olho roxo, um traço triste do Congresso Nacional. O governo que Delcídio liderou diz que o senador não merece respeito. Joaquim Levy... Quem é mesmo Joaquim Levy? O impeachment de Dilma é uma realidade e Lula recebe um convite por dia para virar ministro e, com isso, escapar da Lava Jato. 

É pouco provável que ainda exista um retorno ou até mesmo a possibilidade de andar na contramão nesta acelerada autopista rumo à desintegração do atual governo. 

Começou há exatamente um ano, mas a sensação é de uma década. A estabilidade política que perdurou, entre um e outro sobressalto, nos quatro mandatos da dupla FHC e Lula é coisa do passado. Diálogo, conciliação e concertação são verbetes de um dicionário amarelado pelo tempo.