Jair Bolsonaro verbalizou o que os políticos mais perspicazes já haviam percebido: o presidente, a seu modo e estilo, tem trabalhado para manter a pista livre rumo a mais um mandato a partir da eleição de 2022.
Em seis meses de Planalto, Bolsonaro fez dos limões colhidos por Sérgio Moro e Paulo Guedes (os superministros até bem pouco sempre lembrados como alternativas à sua sucessão) uma doce limonada: mostrou que quem manda no governo é o presidente.
Fora de seu raio de poder, Bolsonaro tem acompanhado as movimentações de João Doria (PSDB) e Wilson Witzel (PSC), cada vez mais candidatos. Isso sem falar no vice-presidente, Hamilton Mourão, que deve respeito mas não vassalagem a Bolsonaro e também se movimenta como se estivesse em campanha.
Na outra ponta, pesam os ensaios de reagrupamento da esquerda. Num momento em que a reforma da Previdência avança e dá sinais de esperança ao governo, Bolsonaro, atento, decidiu que já era hora de remarcar território na centro-direita.