CENÁRIO: A ‘maldição da Casa Civil’ atinge agora o governo Temer

O cerco parece se fechar e a permanência do ministro Eliseu Padilha no governo depende dos desdobramentos da crise

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Por Vera Rosa
Atualização:

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, está sob cerco político no Palácio do Planalto e sua permanência no governo depende dos desdobramentos da crise. O depoimento do ex-assessor da Presidência José Yunes, dizendo que foi usado como “mula” e inocente útil por Padilha para receber um “pacote” das mãos do operador financeiro Lúcio Funaro, em 2014, pode ser o capítulo decisivo dessa batalha.

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O quarto andar do Planalto, onde fica o gabinete de Padilha e, agora, o de Moreira Franco – nomeado ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência –, virou uma espécie de campo minado.

Dias antes de Yunes procurar espontaneamente a Procuradoria-Geral da República para dar sua versão dos fatos sobre a delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho à Lava Jato, a Casa Civil tinha no radar outra preocupação: o aumento do poder de Moreira.

Desde que tomou posse como ministro, no último dia 3, Moreira não só ganhou foro privilegiado como avançou sobre várias atribuições de Padilha. Um exemplo é a Comunicação Social do governo, que será reformulada. Antes com o chefe da Casa Civil, a área está agora sob o guarda-chuva de Moreira.

Não é à toa que Yunes mira em Padilha no momento em que o antigo homem forte sofre um revés atrás do outro. Ao cair, em dezembro, o advogado avisou ao presidente Michel Temer, seu amigo há 40 anos, que não ficaria calado. Yunes atribui sua queda ao chefe da Casa Civil e tenta proteger Temer.

Padilha enfrenta agora a “maldição da Casa Civil”. É alvo da Comissão de Ética por ter admitido, em palestra, que negociou apoio do PP ao governo em troca do Ministério da Saúde. Além disso, há ação contra ele, no Rio Grande do Sul, acusando-o de grilagem de terras, como revelou o Estado. O cerco parece se fechar.

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