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Cédulas do real poderão ser esterilizadas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Banco Central poderá esterilizar, com uso de radiação, as cédulas do real em circulação para tentar reduzir a contaminação das notas com microorganismos. O projeto, proposto nesta sexta-feira pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, está sendo analisado pelo chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, José dos Santos Barbosa. A idéia surgiu depois que um estudo realizado por estudantes do curso de Medicina da universidade constatou que as notas carregam várias bactérias e fungos. A pesquisa analisou notas de R$ 1 e de R$ 10 (de papel e de plástico) e concluiu que a grande maioria (74,5%) estava contaminada pela bactéria Staphylococcus sp, causadora de várias infecções (intestinais, otite, sinusite etc.). A análise detectou ainda a presença de coliformes fecais em 4% do material estudado e outros 11% de fungos e leveduras. Durante um encontro na Universidade Gama Filho (UGF) hoje, os organizadores do estudo debateram a esterilização. Ela seria inicialmente testada com equipamentos da universidade e, provavelmente, com o apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ). Só depois o procedimento seria adotado pela Casa da Moeda. "É uma idéia boa que pode reduzir muito o grau de contaminação do dinheiro", afirmou o professor-titular de microbiologia da Faculdade de Medicina da UGF, João Carlos Tórtora. Barbosa disse que a idéia de esterilizar será estudada. Segundo ele, o BC nunca desenvolveu projetos para atacar a contaminação das notas. "Esse é um problema do qual todos sempre falaram. Não só aqui, no mundo todo. E, na verdade, nenhum projeto foi criado para acabar com ele", disse. O levantamento dos estudantes da UGF, que será publicado ainda este mês no "Jornal Brasileiro de Medicina", mostrou que as notas de R$ 1 são as que contêm mais micróbios, seguidas pelas cédulas de papel de R$ 10 e por último as de R$ 10 feitas de plástico. Esse resultado, segundo Barbosa, é mais uma prova das vantagens da substituição do papel. "Como a superfície é mais lisa, parece que elas absorvem menos bactérias. Isso é uma boa notícia. O problema é que o governo está preocupado em reduzir o custo e ainda é cedo para dizer se elas duram mais para compensar o aumento do preço (ela sai a um preço 70% maior)." Verniz Uma alternativa para aumentar a durabilidade das cédulas, que também poderia reduzir a contaminação, já está sendo testada pelo BC. Em caráter experimental, a Casa da Moeda está aplicando verniz em 2.500 notas de papel. A cobertura das notas poderia, em tese, elevar a resistência ao tempo e ao manuseio. "Começamos o teste agora e ainda não sabemos se o uso de verniz vai sair mais barato", disse Barbosa. Por fim, o Banco Central também avalia a substituição das notas de R$ 1 por moedas, o que também poderia ter efeito positivo em barrar a disseminação de micróbios. "Elas duram mais e acabam ficando mais baratas. Mas ainda estamos organizando como fazer a substituição", afirmou.

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