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Caso Marka volta à cena e preocupa governo

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e o líder do governo no Congresso, Arthur Virgilio Neto (PSDB-AM), defenderam hoje a abertura de investigações para atestar a veracidade das informações divulgadas na edição deste final de semana da revista Veja sobre a existência de fitas com gravações de conversas entre o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Francisco Lopes, e banqueiros envolvidos num esquema de recebimento de informações privilegiadas. "As denúncias têm que ser apuradas e os envolvidos punidos severamente", afirmou Paulo Renato em meio aos compromissos da convenção nacional do PSDB. "Todos os itens devem ser investigados", disse Arthur Virgílio. O ministro, entretanto, apressou-se em procurar inocentar o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Fazenda, Pedro Malan. "Se houve alguma pessoa no BC envolvida em caso ilícito, o governo foi vítima dessa pessoa", afirmou. Ele garantiu ainda que a demissão de Francisco Lopes foi decidida em função de suas dificuldades na condução do processo de transição entre um sistema de câmbio fixo para o flutuante. "O problema era o manejo do câmbio. Estava um desastre", disse Paulo Renato, lembrando que esteve pessoalmente reunido com o presidente Fernando Henrique para discutir a escolha de nomes para substituir Lopes no comando do BC. O diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, reagiu com surpresa à divulgação da notícia sobre a existência das fitas. "Oficialmente, a Polícia Federal desconhece a existência das fitas", disse por meio de sua assessoria de imprensa. A mesma reação foi ensaiada pelo BC. "Nunca ouvi falar disso. Desconheço a existência destas fitas", disse o assessor de imprensa do BC, João Borges, de Buenos Aires, onde está para acompanhar uma palestra do presidente da instituição, Armínio Fraga. Borges também preocupou-se em defender a atual diretora de Fiscalização, Tereza Grossi. "Ela nunca se encontrou com o Lopes", disse, lembrando que Grossi era chefe-adjunta do Departamento de Fiscalização do BC na época em que a ajuda aos bancos Marka e Fonte Cindam foi concedida. As fitas, de acordo com a reportagem da Veja, foram gravadas pelo ex-dono do Banco Marka, Salvatore Cacciola, e estariam depositadas em um banco no exterior e em poder do ex-banqueiro na Itália. O ex-diretor do BC, de acordo com a revista, era remunerado pelo fornecimento de informações privilegiadas por meio de uma conta do Banco Pactual no Bank of New York. O esquema envolveria Cacciola, o consultor Luiz Bragança, o banco Pactual e outras instituições cujos nomes não foram mencionados. "Fui usado em toda essa história. Só não dei um tiro na cabeça não sei por quê. Tenho catorze fitas de reportagem de TV, um disquete e 1497 folhas de matérias publicadas. Estou juntando tudo para um dia mostrar a verdade", disse Cacciola na reportagem publicada pela Veja.

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