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Caso Chico Mendes é reaberto

Por Agencia Estado
Atualização:

Há 13 anos um tiro de espingarda disparado por Darci Alves Pereira matou o líder seringueiro Chico Mendes. O assassino e seu pai, o fazendeiro Darly Alves da Silva, foram condenados a 19 anos pelo crime, mas o Ministério Público do Acre decidiu reabrir o processo. Um depoimento colhido de um informante ligado ao grupo do ex-deputado Hildebrando Pascoal, no mês passado, aponta outros envolvidos na morte do seringueiro. "Estamos apenas aguardando a volta de um delegado, que está licenciado, para fazer as investigações", informou o promotor Elizeu Buchmeier, responsável pela acusação contra Darci e Darly. Segundo ele, o processo pode começar no início do próximo ano, quando termina o recesso forense. Chico Mendes foi morto no dia 22 de dezembro de 1988, numa emboscada montada por Darci Pereira, um dos filhos de Darly. Dias antes, o pai havia desafiado o rapaz a assassinar o seringueiro, na época presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Chico impedia que Darly e outros fazendeiros da região fizessem grandes derrubadas de seringueiras e castanheiras, principais fontes extrativistas do Acre. Um depoimento feito a promotores e procuradores da República no Acre pode mudar a apuração da morte de Chico Mendes. Um militar ligado a Hildebrando Pascoal - cassado no ano passado e acusado de envolvimento com o narcotráfico e esquadrão da morte - confessou que o assassinato do líder seringueiro foi planejado numa mesa de jogo, em Rio Branco. Isso as autoridades policiais do Estado já sabiam. A novidade é que o grupo teria enviado dois policiais militares para Xapuri para executar Chico Mendes. Estranhamente, os dois PMs foram mortos meses após a morte de Chico Mendes. No depoimento, o informante contou que outras pessoas estavam planejando o assassinato, algumas delas ligadas diretamente a Pascoal. O ex-deputado está preso na penitenciária federal de segurança máxima em Rio Branco, com outros 30 policiais e ex-policiais também acusados de integrar grupos de extermínio. As novas investigações sobre a morte de Chico Mendes podem chegar a ex-políticos e fazendeiros do Acre. "Vamos verificar o envolvimento dessas pessoas, mas isso não quer dizer que os dois condenados pelo crime sejam inocentes", observa Buchmeier. Darci confessou no júri, em dezembro de 1990, que havia matado Chico Mendes. Darly foi acusado de ser o mandante, recebendo a mesma pena de 19 anos do filho. Darcy está com mais de 70 anos e obteve liberdade condicional. Mora em Brasília, mas admite voltar para o Acre no início do próximo ano. O filho, que trabalha numa empresa estatal do Distrito Federal, foi beneficiado com o regime semi-aberto, retornando à noite para um albergue na penitenciária da Papuda. Em 2002 poderá ter o mesmo benefício do pai.

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