Governador do Maranhão admite que costurou decisão de anular processo de impeachment

Flávio Dino se encontrou com Waldir Maranhão durante o fim de semana e, no Twitter, confirmou ajuda ao deputado; governador é aliado de Dilma

PUBLICIDADE

Foto do author André Borges
Por André Borges e Isadora Peron
Atualização:

SÃO LUÍS (MA) e BRASÍLIA - O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), admitiu nas redes sociais, nesta segunda-feira, 9, que ajudou o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a tomar a decisão de anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, e o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

"Natural que o deputado Waldir Maranhão, sendo do meu Estado, peça minha opinião sobre temas relevantes. Como eu peço a ele também. Juridicamente, a decisão do deputado Waldir Maranhão é centenas de vezes mais consistente do que o pedido do tal "impeachment", escreveu em sua conta no Twitter.

Como mostrou o Estado, mais cedo, a decisão de Maranhão de anular o processo de impeachment foi costurada nos mínimos detalhes com o governador Flávio Dino. Nesse domingo, 8, Dino esteve com o deputado em São Luís, em encontro em sua residência. No fim da tarde, os dois pegaram um aviação da FAB e seguiram para Brasília, onde escreveram a decisão que atende a um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU).

Waldir Maranhão fez de tudo para omitir sua agenda de encontros em São Luís, seu berço eleitoral. Normalmente, ele voltaria para Brasília na segunda ou terça-feira, mas decidiu adiantar seu retorno para o domingo.

Foi Flávio Dino quem convenceu Maranhão de votar contra o impeachment na sessão da Câmara em 17 de abril. O governador prometeu a ele um lugar como candidato ao Senado em 2018, além de poder vir a assumir uma secretaria de Ciência e Tecnologia no Maranhão.

Ainda no Twitter, Flávio Dino afirmou ainda que não há motivo legal para o impeagchment e o que o processo, que já se estende desde dezembro, só serviu para "paralisar o país, fragilizar a imagem do Brasil no mundo e dividir a Nação". "Realmente fico perplexo como alguém pode inventar essa tese de "pedaladas" e meia dúzia de decretos orçamentários como causa de impeachment", disse.

Flávio Dino é jurista e ex-juiz federal. Conhece, portanto, os meandros legais para costurar a ação.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.