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Carta de servidores contra salário de consulados do Brasil é enviada a Hillary

Para constranger Dilma em ida à ONU, funcionários se dizem submetidos a salários que configuram ‘nível de pobreza nos EUA’; piso é de US$ 2.200, apenas 10% acima do valor de 1996

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - Aproveitando a viagem da presidente Dilma Rousseff a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU, os funcionários locais de consulados e embaixadas do Brasil ao redor do mundo enviaram uma carta à secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reclamando das condições de trabalho nas missões brasileiras, classificadas por eles como "desumanas".

 

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"Há décadas não conseguimos reajuste salarial. Aos nossos salários, que já configuram nível de pobreza nos EUA, tampouco incorrem reajustes anuais", diz a carta, que teve uma cópia enviada ao Estado. O piso desses funcionários é de US$ 2.200, apenas 10% acima do valor de 1996. Se fosse levado em conta o aumento do salário mínimo no período, eles deveriam receber cerca do triplo desse valor.

 

Um dos principais problemas refere-se à previdência social. Por lei, os funcionários brasileiros não podem contribuir nos EUA. A saída é se aposentar pelo Brasil, com ganhos inferiores aos existentes entre os americanos. "Mesmo assim, o ministério não regulariza a sua contribuição junto à previdência brasileira. Recentemente, e somente depois de inúmeros apelos dos funcionários locais e interferências da mídia brasileira, o MRE regularizou a situação de alguns cidadãos brasileiros que há anos requeriam aposentadoria", diz o documento.

 

Ao todo, mais de mil funcionários de cerca de 40 consulados, embaixadas e missões diplomáticas ao redor do mundo assinaram o documento do que eles chamam de Operação Despertar, iniciada em maio, quando enviaram uma carta à presidente Dilma Rousseff. Em julho, em uma segunda etapa da iniciativa, depois de mais uma vez ficarem sem resposta, vestiram-se de preto e realizaram uma operação-tartaruga nos serviços consulares. Segundo o Estado apurou, não está descartada uma paralisação no futuro próximo.

 

Na avaliação deles, o problema está em Brasília, e não nos consulados e embaixadas, que nada podem fazer a não ser respeitar as determinações do governo.

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