PUBLICIDADE

Carro de lobista doado a coveiro levanta suspeita

Por AE
Atualização:

O Ministério Público (MP) suspeita que o lobista Paulo César Ribeiro, o Paulão, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), tentou "lavar" seu patrimônio pessoal doando bens a terceiros, inclusive a um coveiro de Pindamonhangaba, Vale do Paraíba. Documentos de posse de promotores de Justiça que investigam suposto envolvimento de Ribeiro em contratos fraudulentos para fornecimento de merenda escolar a administrações municipais indicam que o lobista transferiu para o nome de um seu funcionário, Lourival, uma Ford Ranger. Terrenos foram "doados" a outros empregados.O próprio Paulão admitiu o expediente aos promotores de Justiça Leonardo Rezek Pereira e Paula Gizzi de Almeida Pedroso, a quem prestou declarações em 20 de outubro de 2007 e em 18 de junho de 2010 nos autos do inquérito civil 34/07. "Dei uma caminhonete para o senhor Lourival em razão de dívida de gratidão. Outros funcionários, há um tempo atrás, receberam como doações alguns terrenos pelo mesmo motivo."O inquérito fez emergir detalhes sobre licitações que teriam sido dirigidas em troca de doações para campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito de políticos e empresários. Paulão é sócio do Cemitério Memorial da Paz, em Pindamonhangaba. "Não foi imposta nenhuma condição para a doação", declarou o lobista, irmão de Lu Alckmin, mulher do governador. "A caminhonete foi paga em dinheiro."Ele acrescentou que, "em regra", o veículo - depois vendido - era dirigido por ele, "uma vez que Lourival sequer possui CNH, apesar de saber dirigir". O lobista afirmou que a venda da Ranger só ocorreria com a anuência de Lourival. Os promotores constataram que ele tomou providência em cartório de notas para não perder o controle sobre o patrimônio. Em escritura pública, Lourival outorgou a Paulão direitos de venda da Ranger. Paulão foi evasivo quanto ao local onde ficava estacionado o carro. "Às vezes fica na casa do declarante, às vezes no Memorial e outras na casa de Lourival."Os promotores trabalham com a hipótese de que o lobista construiu seu legado com propinas que teria angariado de prefeituras. O advogado Gilberto Menin, sócio do Menin Advogados, que defende Paulão, rebate categoricamente. "Posso afirmar que meu cliente não praticou qualquer ato ilícito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.