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Carlos Bolsonaro mantém aliados no Planalto

Pivô da crise que levou à saída de Gustavo Bebianno, filho do presidente Jair Bolsonaro indica integrantes de grupo que administra redes sociais da Presidência

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Por Camila Turtelli e  Julia Lindner e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - Pivô da crise que derrubou do governo o ministro Gustavo Bebianno, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) comanda um grupo que atua nas redes sociais da Presidência da República. São pelo menos quatro aliados com acesso às contas pessoais do presidente Jair Bolsonaro, pai do parlamentar.

Leonardo Rodrigues de Jesus e o primo, Carlos Bolsonaro, participam da cerimônia da posse presidencial Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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Seriam da cota de Carlos no Planalto, segundo ministros ouvidos pelo Estado, Tercio Arnaud Tomaz e José Matheus Sales Gomes, ambos ex-assessores do filho do presidente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Sem contar o primo Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio. O Estado mostrou que, mesmo sem cargo no Planalto, Léo já foi 58 vezes ao prédio, mais do que o próprio presidente da República.

Com 893 mil seguidores no Twitter, Carlos esteve à frente da crise que tirou Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Ele usou a rede social para chamar o agora ex-ministro de mentiroso e divulgar mensagem de áudio do pai para corroborar seu ataque. Bebianno não foi seu único alvo. 

Nos últimos dias, ministros civis e do núcleo militar aconselharam o presidente a exigir do filho que parasse de criar crises para o governo pelas redes sociais. O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, desconversou nesta segunda-feira, 18, ao ser questionado sobre o assunto após anunciar a demissão de Bebianno. 

A atuação da equipe tem despertado incômodo entre auxiliares e ministros que despacham no Planalto, a ponto de desafetos acusarem o grupo de comandar ataques virtuais contra opositores.

Tomaz e Gomes foram nomeados para o cargo de assessor especial da Presidência e recebem salário bruto de R$ 13 mil. Os dois ajudam Carlos a administrar as contas do presidente Bolsonaro nas redes sociais.

Tomaz também foi assessor de Bolsonaro na campanha presidencial. Ele administrava a página “Bolsonaro Opressor 2.0”, no Facebook, que foi alvo de representações na Justiça e era acusada de propagar discurso de ódio. 

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Multa. A chapa do presidenciável Ciro Gomes (PDT) chegou a pedir que Tomaz e Bolsonaro removessem um vídeo e recebessem uma multa, mas o pedido foi negado pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Um quarto aliado de Carlos Bolsonaro no Planalto é Filipe Martins, nomeado como assessor da Presidência para assuntos internacionais. Martins foi apadrinhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas é visto por auxiliares de Bolsonaro como integrante do grupo de Carlos. Na campanha eleitoral, atuou no núcleo ideológico que cercou Bolsonaro.

Em meio à crise política, envolvendo Carlos e Bebianno, Martins publicou no Twitter uma passagem da Bíblia para apoiar o vereador. “Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão”, escreveu.

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Por meio de um decreto publicado no dia 3 de janeiro no Diário Oficial da União, Bolsonaro estabeleceu que suas contas pessoais no Twitter e no Facebook poderiam ser geridas por integrantes de sua Assessoria Especial. A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) ficou responsável pelas contas institucionais do governo, mas podendo atuar em conjunto com os assessores. Na eleição, Carlos comandou a estratégia de comunicação nas redes sociais.

Procurado, o Planalto não respondeu sobre as funções exercidas pelos assessores até a conclusão desta edição. Também não esclareceu a atuação de Carlos nas redes sociais do pai. Ao Estado, Tomaz disse que é o próprio Bolsonaro quem administra suas contas pessoais e que “auxiliar não é comandar”. Ele não respondeu sobre a participação de Carlos.

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