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Carandiru: testemunhas serão ouvidas amanhã

Por Agencia Estado
Atualização:

As 14 testemunhas do julgamento do coronel Ubiratan Guimarães, comandante da ação que resultou no assassinato de 111 presos na Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, em 1992, devem começar a ser ouvidas amanhã (25). São dez testemunhas de acusação e quatro de defesa. Foram arrolados pela acusação Marco Antônio Meira, Aparecido Donizete Domingues, Luís Carlos dos Santos Silva, Osvaldo Negrini Neto e Aparecido Fidélis. Também foram convocados os presos David Ferreira de Lima, Daniel Soares, Paulo Roberto de Oliveira Bororó, Luiz Alexandre de Freitas e Genivaldo Araújo dos Santos. Os cinco já estão na carceragem do Fórum Criminal ministro Mário Guimarães, na Barra Funda, onde acontece o julgamento. A defesa convocou o procurador Pedro Franco de Campos, os juízes Ivo de Almeida e Fernando Antônio Torres Garcia e o juiz aposentado Antônio Luis Filalardi. Hoje os trabalhos tiveram início às 10 horas, foram lidos relatórios, depoimentos, requerimentos e pareceres, solicitados pela defesa. As leituras procuraram mostrar que a operação da PM que resultou nas 111 mortes era uma tentativa "de fazer pressão psicológica". A defesa afirmou que vários policiais militares foram feridos no confronto - a maioria sofreu cortes ou lesões superficiais. Além disso, foi levantada a hipóteses de que vários dos presos assassinados poderiam ter sido mortos pelos próprios colegas. De acordo com os textos, com a penitenciaria estava com iluminação precária seria normal que uma única bala atingisse vários detentos de uma só vez ainda que pelas costas. Outro argumento foi que os presos usaram táticas de guerrilha urbana (ameaçando policiais com sangue contaminado pelo vírus da aids e atirando fezes e urina nos soldados), o que teria afetado o moral da tropa. Ontem foram lidos relatórios e textos solicitados pela acusação de Ubiratan Guimarães. O coronel acompanhou com tranqüilidade as leituras, assim como seu advogado, Vicente Cassione, que se mostrou incomodada em alguns momentos com os consecutivos erros de leitura das funcionárias do tribunal. A própria juíza Maria Cristina Cotrofe, que preside os trabalhos abanava a cabeça e sorria discretamente diante dos equívocos. Família A dona de casa Celina Aparecida dos Santos Silva acompanhou o julgamento. Seu filho, o detento Mauro Batista da Silva, de 27 anos, foi uma das 111 vítimas, ele estava preso no Carandiru, havia seis meses por envolvimento em uma briga de rua. Amanhã (25) o presidente da Associação das Vítimas do Estado de São Paulo, Hélio Secio, de 62 anos, pretende acorrentar-se aos portões do fórum. Ele protesta contra a impunidade dos crimes. Seu filho, o comerciante Hélio Secio Júnior, de 29 anos, foi assassinado há quatro anos após se envolver em uma discussão com o zelador de um prédio. Segundo Secio, o criminoso continua solto.

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