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Candidatura de Garotinho racha o PSB

Por Agencia Estado
Atualização:

Um racha no PSB quase inviabilizou o lançamento da candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho, a presidente da República nas eleições de 2002, durante o VIII Congresso Nacional do partido, realizado no Clube do Servidor, em Brasília. Previsto para hoje, o lançamento foi antecipado para a noite de sábado - ficando sem espaço na mídia - porque algumas delegações, principalmente do Nordeste, já se preparavam para ir embora. Muitas figuras de peso do partido demonstraram que não concordam - ou não apoiam explicitamente - a candidatura de Garotinho. O governador do Amapá, João Capiberibe, um dos maiores adversários do governador carioca, esperou apenas a homologação da candidatura para deixar o Congresso. "Estou com dor de cabeça por causa desse barulho", desculpou-se. O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, não compareceu por motivos de saúde mas mandou uma carta parabenizando pelo maior congresso da história. No momento do anúncio, a delegação de São Paulo, Estado considerado pelo próprio Garotinho como estratégico em qualquer eleição presidencial, estava em Taguatinga, cidade-satélite a 30 quilômetros do local do encontro. A deputada Luiza Erundina, candidata natural à Câmara dos Deputados, estava no hotel. Teve que voltar às pressas para assistir o discurso de Garotinho. Nem mesmo o senador Paulo Hartung, recém-ingresso no partido candidato ao governo do Espírito Santo, posou ao lado de Garotinho. A oposição mais explícita, no entanto, partiu do senador Roberto Saturnino (RJ). Ele não compareceu ao Congresso e anunciou, de antemão, que se Garotinho fosse o candidato, arrumaria suas malas rumo ao PT. "Nós vamos conversar com ele", prometeu o senador Ademir Andrade (PA). Mas a nova executiva da legenda foi clara. "Se ele não cumprir a decisão partidária, está fora do partido", complementou o deputado Eduardo Campos (PE). De acordo com um dos dissidentes, o partido planejava uma candidatura presidencial em 2002 para dar uma dimensão nacional para a legenda. De repente, surge Garotinho, "chuta a porta", oferece-se como candidato e incha o PSB. "Todo mundo ficou seduzido. E ele ainda trouxe pessoas que não têm identidade conosco, como o Luiz Paulo Conde (RJ) e João Leite (MG)". A ascendência de Garotinho ficou provada após a intervenção da Executiva Nacional no diretório estadual do partido em Minas Gerais. Os mineiros dividiam-se entre uma candidatura própria, um apoio a Lula ou a Itamar, bem antes de Garotinho ser o candidato oficial. Foi nomeada uma Comissão Executiva provisória, presidida justamente pelo deputado estadual João Leite. "Dos cinco deputados da Comissão, quatro entraram agora no partido", confirma uma assessora. Mesmo derrotado, o governador João Capiberibe ainda alimenta a esperança de uma união das esquerdas no primeiro turno. "A direita sempre se juntou nesse País. Está na hora de tomarmos vergonha". Nos bastidores, alguns oposicionistas apostam que se até março a candidatura Garotinho não se viabilizar, a legenda deve apoiar a candidatura Lula. Garotinho prefere ficar alheio às divergências em relação ao seu nome e afirma que só o senador Saturnino expressou uma posição contrária. Ele aposta que o PSB poderá pular de três para seis governadores, de 16 para 50 deputados federais e de três para nove senadores. "O partido terá um candidato para disputar e ganhar as eleições presidenciais", garantiu.

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