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Candidatura Alckmin reforça parceria de Serra e Kassab

Por Elizabeth Lopes
Atualização:

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito da capital e pré-candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), intensificaram nesta semana a parceria político-administrativa. Desde segunda-feira, os dois estiveram juntos em inaugurações de grandes obras na Capital, como a alça de acesso ao Terminal de Cargas da Fernão Dias, o Instituto do Câncer e o Complexo Viário Jurubatuba, obras que impressionam não apenas pelo porte, mas também pelos valores, pois juntas somam quase meio milhão de reais. Ainda nesta semana, o governador e o prefeito inauguram, amanhã, uma das mais suntuosas obras dos últimos anos da cidade, a Ponte Estaiada, batizada com o nome do publisher do Grupo Folha Octavio Frias de Oliveira, e chamada popularmente de ?Estilingão?. Considerada um dos mais novos cartões postais da cidade e motivo de polêmica em decorrência do custo elevado - R$ 233 milhões - a ponte servirá de ligação entre a Marginal Pinheiros e a Avenida Águas Espraiadas e poderá ser utilizada apenas por veículos leves, motos e veículos. A intensa movimentação de Serra e Kassab em torno de inaugurações marcadas por discursos inflamados, autoridades de vários escalões e clima de comício em algumas, como a do Complexo Viário Jurubatuba, que teve até participação do padre Marcelo Rossi, coincide com o lançamento do nome do ex-governador paulista Geraldo Alckmin como pré-candidato da legenda à sucessão municipal deste ano. O ex-governador até esteve presente na inauguração do Instituto do Câncer, pois a obra foi retomada em sua gestão, mas está longe de ganhar o apoio de Serra, que nos bastidores não esconde a preferência por Kassab. Nos eventos em que participam, Serra e Kassab não fazem questão de esconder a boa relação político-administrativa. Nos discursos, os elogios mútuos são freqüentes, Serra sempre aborda a importância dessas obras para a capital e ressalta que elas são frutos da boa parceria com a Prefeitura. Kassab também segue na mesma linha e, de forma sutil, sob o discurso de que acima de projetos pessoais está a cidade de São Paulo, argumenta que gostaria muito de dar continuidade a esse elenco de obras e projetos essenciais para a cidade. Ainda sem palanque, Alckmin trabalha nos bastidores, tentando costurar alianças que lhe dê sustentação política e mais tempo no rádio e na televisão. O clima de racha que tomou conta do PSDB paulista não afeta apenas os caciques da legenda, mas também a militância. Um email, até o momento apócrifo, divulgado por um grupo denominado tucano roxo, com ataques aos vereadores que apóiam a manutenção da aliança com o DEM do prefeito Kassab, foi parar na polícia. Por se sentir ofendido com o teor da mensagem, que classificava os vereadores apoiadores de Kassab de traidores, o líder tucano na Câmara dos Vereadores, Gilberto Natalini, registrou Boletim de Ocorrência na polícia e quer descobrir o autor, ou autores, da mensagem. O embate entre os militantes tucanos favoráveis à manutenção da aliança com os democratas e os favoráveis à candidatura própria também é travado em outras áreas. Enquanto os militantes pro-Alckmin conseguiram que seu nome fosse referendado pelo Diretório Municipal da legenda, na última segunda-feira (dia 5), os que defendem a aliança com o DEM garantem que irão bater chapa na convenção do PSDB, em junho, e apresentar a proposta de manutenção do acordo com o prefeito Kassab, num contraponto à candidatura Alckmin. De acordo com correligionários das duas alas, a briga está apenas começando, pois Alckmin e Kassab dão mostras de que não pretendem abrir mão de suas candidaturas em favor da manutenção da aliança PSDB-DEM. Com isso, os conflitos prometem ficar ainda mais acirrados e alguns militantes já estão dizendo que o clima que se instalou nos bastidores da legenda em São Paulo não difere muito do vivido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), quando o racha se instalou e foi criada a dissidência que culminou em outra legenda, o PSOL.

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