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Candidatos faltam a encontro com pesquisadores na SBPC

Por Agencia Estado
Atualização:

?Sem uma política de ciência e tecnologia como parte do sistema de educação, o País não vai sobreviver.? A afirmação é quase um desabafo de Glaci Zancan, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A comunidade de pesquisadores convidou os candidatos à Presidência a expor suas idéias para o setor durante a 54º reunião anual que realiza atualmente em Goiânia. Quase ninguém compareceu. José Serra, do PSDB, enviou um fax à presidência da SBPC, nesta quinta-feira, às 15 horas, comunicando que não poderia participar. O debate estava programado para começar às 18 horas. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, veio à reunião da SBPC na última segunda-feira para entregar seu projeto. Nesta quinta-feira não poderia comparecer porque havia sido escalado para uma entrevista no Jornal Nacional, da Rede Globo. Ciro Gomes (PPS), que havia confirmado sua presença no primeiro convite, depois informou, pela secretária, que não poderia comparecer. Anthony Garotinho (PSB) estava confirmado até a uma da tarde, mas um problema o segurou no Rio de Janeiro. Em seu lugar, enviou um assessor. José Maria, do PSTU, foi o único a comparecer. O sistema federal de fomento à ciência e tecnologia passa por uma crise, e os pesquisadores elaboraram uma proposta, com 11 pontos, para apresentar aos candidatos. ?Esses pontos têm que ser considerados e analisados?, diz Glaci. ?Vamos enviar nossas propostas para eles.? A crise no setor é complexa. Por um lado, em teoria, os recursos aumentaram com a criação dos fundos setoriais, que deveriam colocar cerca de R$ 1 milhão este ano em financiamentos para serem usados, pelas universidades, em projetos com empresas. Mas a demora da aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) fez com que o governo federal fizesse um contigenciamento, ou seja, uma previsão de corte, de 45% do orçamento total do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Por outro, agências de fomento tradicionais, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao MCT, vêm seus recursos encolherem em termos reais há muito tempo. De acordo com dados da SBPC, a quantidade de alunos de pós-graduação cresce 10% ao ano, mas esse crescimento não se reflete no orçamento do CNPq. Pelo contrário. Com a desvalorização do dólar, em termos reais os recursos reduziram-se para um terço desde o começo de 1999. Hoje o orçamento é da ordem de R$ 120 milhões. Até 1995, 42% dos alunos de mestrado e 60% dos de doutorados eram financiados pelas agências de fomento do governo. Hoje, esse percentual caiu para 16% no mestrado e pouco mais de 30% no doutorado, diz Jorge Almeida Guimarães, secretário da SBPC. Além disso, a fatia reservada, no orçamento do CNPq, ao investimento em fomento está comprimida em 10%. As bolsas engolem 90% do bolo, quando deveriam ficar, idealmente, com 30%. ?A área econômica do governo precisa entender que, em ciência e tecnologia, o custeio, a manutenção, tem que ser liberada com fluxo permanente?, diz Glaci. ?Gostaria que os candidatos estivessem aqui para dizer isso.? A interrupção dos financiamentos acaba desmotivando os pesquisadores. ?Tira a capacidade da universidade de criar, mata todos de inanição?, diz Glaci.

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