Candidata, Dilma pede a Obama que visite Brasil

Em Washington, petista elogia carisma do presidente americano

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Por Nalu Fernandes , Gustavo Chacra e WASHINGTON
Atualização:

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, manteve encontro ontem em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Foi a segunda vez em quatro meses que a ministra, pré-candidata do PT à Presidência em 2010, se encontrou com Obama. Dilma, contudo, esquivou-se de possíveis motivações eleitorais na visita e afirmou que sua ida aos EUA estava ligada à 4ª edição do Fórum de CEOs Brasil-EUA. Na rápida reunião, o presidente americano agradeceu ao convite feito pela ministra para ir ao Brasil, mas evitou confirmar se pretende retribuir, ainda em 2009, a visita realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março. Além de visitar a Casa Branca, Dilma também se encontrou com empresários e o secretário de Tesouro, Timothy Geithner, com quem debateu a situação econômica mundial. Geithner é tido como o principal nome do governo Obama para formular políticas de combate à recessão. O encontro, que integrava o programa do fórum de CEOs da Câmara do Comércio Brasil-EUA, não foi reservado, segundo confirmou a própria ministra ao ser questionada pelo Estado. "A reunião ocorreu no gabinete do general Jim Jones", disse Dilma, referindo-se ao assessor de segurança nacional da Casa Branca, James L. Jones Jr. "Obama tinha uma reunião com os membros do evento", acrescentou. Além dela, estavam presentes o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e, pelo lado americano, o secretário do Comércio, Gary Locke, e o assessor para assuntos econômicos internacionais da Casa Branca, Michael Froman. Pela iniciativa privada, compareceu Josué Christiano Gomes da Silva, CEO da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar . De acordo com Dilma, Obama afirmou que "pretende intensificar os laços entre o Brasil e os EUA em todos os aspectos". A ministra acrescentou que o líder americano foi "muito gentil ao se referir a Lula". "Ficamos muito honrados com a presença e as palavras dele", declarou a ministra após o encontro. Inicialmente, a assessoria de imprensa da Casa Civil havia afirmado que a delegação brasileira teria um encontro reservado com Obama. Mas diplomatas brasileiros na capital dos Estados Unidos corrigiram a informação posteriormente. A ministra afirmou ainda que o convite para a visita de Obama para ir ao Brasil ocorreu no final da conversa, mas ela não especificou a resposta do presidente. "Esperamos que vá o mais cedo possível", disse. AFINIDADE Lula e Obama já se reuniram quatro vezes, desde que o presidente americano assumiu o cargo em janeiro, lembrou Froman. De acordo com o assessor para assuntos econômicos internacionais da Casa Branca, a relação entre Estados Unidos e Brasil nunca foi tão forte, principalmente em razão da proximidade das opiniões dos dois presidentes sobre temas relevantes da agenda dos dois países, como energia e meio ambiente. Em encontro da cúpula do G-20, realizado em abril, em Londres, Obama chegou a se referir a Lula como o "presidente mais popular do planeta". "Esse é o cara", disse à época. Neste mês, em encontro bilateral realizado paralelamente ao G-8, na Itália, o presidente brasileiro presenteou o americano com uma camiseta da seleção de futebol do País. Durante a viagem aos Estados Unidos, Dilma fez todos os discursos em português, que foram traduzidos simultaneamente. Em encontro anteontem com Lawrence Summers, diretor do Conselho Nacional de Economistas da Casa Branca, Dilma manteve a seu lado um intérprete. A ministra, que vem se recuperando de um câncer no sistema linfático, deve chegar hoje ao Brasil. Ela deve dar início nesta semana à segunda etapa de tratamento contra a doença. Obama já visitou quase todas as regiões do mundo desde que assumiu a Presidência em janeiro. Fez um discurso para o mundo árabe no Cairo e, recentemente, esteve em Gana, na África. Mas ainda não viajou para a América Latina, a não ser ao México, depois de eleito. O Brasil tampouco recebeu autoridades importantes até agora. O Líbano, com 4 milhões habitantes, por exemplo, já teve a presença da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do vice-presidente Joe Biden, desde o início deste ano, sem falar no enviado especial ao Oriente Médio, George Mitchell. Por enquanto, apenas o general Jones confirmou a visita ao Brasil, em agosto. Seu cargo tem importância, mas diversos analistas políticos dizem que ele está no ostracismo, exercendo pouca influência na administração de Obama.

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