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Campanha publicitária do governo sobre coronavírus vai custar R$ 5,3 milhões

Novo filme publicitário traz tom diferente do usado anteriormente pelo governo quando usou a frase ‘O Brasil não pode parar’; peça foi proposta por agência de propaganda

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Foto do author Felipe Frazão
Por Emilly Behnke e Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA – A nova campanha institucional Palácio do Planalto sobre a reação ao novo coronavírus custou R$ 5,3 milhões aos cofres públicos e foi proposta por uma agência de propaganda – e não encomendada pelo governo. Ela foi lançada na noite desta terça-feira, dia 14, com o mote “Proteger vidas e empregos” em substituição ao conceito “O Brasil não pode parar”, vetado pela Justiça.

'A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar', diz vídeo da nova propaganda do governo Foto: Secom/Reprodução

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A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) aceitou uma sugestão da agência Calia Y2, uma das três contratadas para o serviço de publicidade institucional. Ela pertence ao publicitário Gustavo Mouco, irmão de Elsinho Mouco, marqueteiro do ex-presidente Michel Temer.

Documento do governo informa que a Calia “apresentou proposta de campanha publicitária de iniciativa própria” e que “a Secom considerou a proposta adequada e conveniente”. Nesse caso, apesar do valor acima de R$ 5 milhões, não há seleção interna de qual agência prestará o serviço – o contrato de publicidade da Secom é dividido entre três agências: a Calia, a PPR e a Artplan.

A título de comparação, os R$ 5,3 milhões gastos com a campanha publicitária seriam suficientes para comprar 54 mil testes do tipo RT-PCR, que é usado para diagnosticar a covid-19 em pacientes graves internados e por amostragem em casos leves em locais estratégicos do País. O preço unitário pago pelo Ministério da Saúde é de R$ 98. Também seria possível adquirir 88 novos respiradores. Na última compra da pasta, cada equipamento saiu por R$ 60 mil.

A verba para bancar a nova campanha que será distribuída nacionalmente rádio, TV e internet vem do orçamento do Ministério da Cidadania, também atendido pela Calia. A agência trabalha ainda para o Ministério da Saúde.

O termo de descentralização que autoriza o gasto foi assinado na sexta-feira, 10, pelo secretário adjunto de Comunicação, Samy Liberman, e pelo secretário executivo do Ministério da Cidadania, Antônio José Barreto de Araújo Junior. O documento diz que há recursos no orçamento, mas que não há margem de execução nos contratos das agências com a Secom.

O Planalto diz que a campanha tem como objetivo “demonstrar o compromisso do governo federal com o desenvolvimento de ações que visem ao bem estar da população, bem como informar sobre o que tem feito para amenizar os impactos na vida social e econômica do País, com medidas para contenção do avanço do vírus, ajuda aos Estados, aquisição de equipamentos, investimento em pesquisa, entre outras”.

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‘O Brasil não pode parar’

Como mostrou o Estado, a nova propaganda começa com cenas de ruas desertas e traz tom diferente do adotado anteriormente pelo governo.As peças publicitárias da série “O Brasil não pode parar” tiveram repercussão negativa e ficaram disponíveis por três dias nas contas oficiais do governo antes de serem apagadas, depois de a veiculação ter sido suspensa por ordem da Justiça Federal do Rio, no mês passado.

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) inicialmente negou a existência campanha, mas depois argumentou que o projeto era “experimental” e não estava acabado. Na época, contudo, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, divulgou vídeo com a frase e marca do governo federal.

A campanha divulgada pela Secom é a terceira tentativa do governo de emplacar um slogan do Executivo para o enfrentamento à pandemia da covid-19. Depois do fracasso com “O Brasil não pode parar”, a secretaria e o presidente também adotaram a frase “Ninguém fica para trás”. Nas redes sociais oficiais do Planalto, peças chegaram a ser compartilhadas com o dizer, que tem sido citado por Bolsonaro e demais representantes do governo.

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