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''Campanha do meu adversário teve apoio forte vindo de São Paulo''

Márcio Lacerda: prefeito eleito de Belo Horizonte; segundo ele, ajuda financeira para Quintão veio de correntes que não queriam o sucesso de Aécio na eleição

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Por Eduardo Kattah e BELO HORIZONTE
Atualização:

O prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), afirma que a campanha de Leonardo Quintão (PMDB), seu adversário no segundo turno, recebeu forte apoio financeiro "vindo de São Paulo". Em entrevista ao Estado, o prefeito disse que esse apoio veio de correntes "que não queriam o sucesso do governador (Aécio Neves)", em alusão velada ao governador José Serra (PSDB). Lacerda disse que seus padrinhos Aécio e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) trabalham por um projeto de centro-esquerda, em contraponto à aliança de centro-direita de PSDB e DEM, simbolizada pela eleição de Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Aécio e Ciro, diz, não demonstram "aquela fome de ser presidente que Serra tem". Não ganhar no primeiro turno comprometeu a aliança que o elegeu? A vitória no primeiro turno aconteceu por falhas da nossa estratégia, não por falhas de concepção da aliança. Mas no Sudeste eu tive a maior votação (no primeiro turno) entre os candidatos mais bem colocados. Dizer que houve vitórias do Serra e do Sérgio Cabral (governador do Rio), porque os seus candidatos foram para o segundo turno, e uma derrota porque eu não fui (eleito no primeiro turno), é forçar um pouco a barra. Não houve derrota da aliança. Que influência a eleição de Belo Horizonte teve sobre 2010? Ela sinalizou que é possível tendências social-democratas dentro do PT e dentro do PSDB se unirem. E se uniram num projeto eleitoral para uma cidade. Não significa que isso aconteceria em outras eleições. Pode acontecer. O mínimo que deveria acontecer é os social-democratas dos grandes partidos se unirem para ter um projeto para o País. Qualquer que seja o novo presidente, o ideal seria que ele tivesse uma ampla coalizão de forças de centro-esquerda o apoiando, tanto na eleição quanto no governo. O sr. classificou a vitória de Gilberto Kassab em São Paulo como uma aliança de centro-direita... E é. Ela não ajudou a desgastar a aliança do governador Aécio e do prefeito Pimentel, de PSDB com PT? Não estou dizendo que (a aliança) tenha essa importância toda. Estou dizendo que ela sinaliza algo novo na política nacional, pelo ineditismo. O papel do Kassab será municipal, embora a máquina de uma prefeitura como a de São Paulo - Belo Horizonte muito menos - seja importante no apoio para eleição de governador e presidente. Mas eu digo que é de centro-direita na medida em que reflete uma aliança que o PSDB de São Paulo já tinha com o PFL (atual DEM) há mais tempo. O governador (Aécio) falou isso para ele. Ele disse: "Já falei para o meu amigo Serra que se ele quiser ser presidente tem de criar uma ampla coalizão, um movimento de opinião." Como assim, um movimento de opinião? Para que ele possa governar com a base social-política necessária capaz de gerar as transformações de que o País precisa. Ele precisa ganhar essa base ampla de opinião. Mostrar que é capaz de aglutinar. Ninguém pode ser candidato de si mesmo ou de um partido. Se você pensar bem, o Lula não foi eleito pelo PT. A votação dele foi o dobro da capacidade do PT de gerar votos. Acho que o centro do debate é este: que projeto o novo presidente terá para o País e qual a ampla coligação de forças e movimento de opinião que vai ajudá-lo a governar depois. O sr. disse que a sua aliança enfrentou resistências vindas de fora, de São Paulo. De onde partiram essas resistências? A cúpula do PT foi amplamente contrária, isso é conhecido. O PSDB nacional apoiou. Mas a gente tem notícias de que a campanha do meu adversário teve um apoio muito forte vindo de São Paulo. Que tipo de apoio? Dado por quem? Prefiro não dizer, porque eu tenho notícias de que o apoio financeiro vindo de São Paulo foi muito forte. Apoios ao candidato do PMDB e de correntes que não queriam o sucesso do governador (Aécio) nessa empreitada. Qual a participação de Ciro na escolha do seu nome? Que tal a dobradinha Aécio-Ciro para 2010? Ele participou da articulação aqui. Eu soube da participação dele nas articulações em outubro de 2007. Eu não vejo nem Ciro nem Aécio com aquela fome de ser presidente. Eles são até desapegados da idéia. Não têm aquela gana de ser presidente que parece que o governador José Serra tem. Eles querem um projeto para o País. Os dois querem um projeto de centro-esquerda.

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