Câmera muda comportamento

Deputados preocupam-se com aparência e discursos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A frequência e a variedade de deputados que comparecem à tribuna é grande. Não há mais nenhum parlamentar que se contente em ficar sentado à mesa, apenas ouvindo ou aguardando o momento para votar. Esses são alguns dos impactos constatados na rotina dos parlamentos com a abertura de TVs legislativas. A cientista social Márcia Jardim, autora de uma tese de doutorado defendida neste ano na Universidade de Campinas (Unicamp), mediu os efeitos desses canais no comportamento dos parlamentares. "Ficou constatado que há, sem dúvida, uma preocupação com a exposição e isso gerou mudanças de comportamento. Vai desde um cuidado com a aparência até a melhoria e preparação dos discursos", explica. O estudo também verificou um lado perverso. Com a introdução da câmera 24 horas no Parlamento, os deputados ficaram mais resistentes a tratar de temas polêmicos. Funcionários das TVs relataram que têm dificuldades em conseguir interessados para participar de programas de debate na emissora quando o tema é delicado, como aborto e homossexualismo. "Há TVs que estão orientadas a não fazer imagens do plenário vazio e das reações de outros parlamentares que não estejam fazendo uso da palavra e do público presente nas galerias", diz a pesquisadora. Para Márcia, muitas emissoras ainda pecam pela ausência da população na programação. "Se é uma TV pública, precisa ouvir todos os setores. Senti falta da população nos programas."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.