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Câmara quer alterar legislação para garantir promessa de campanha de Cunha

Aliado do presidente da Casa incluiu proposta que prevê Parcerias Público-Privadas no Legislativo em MP que trata de alíquotas de PIS/PASEP

Por Daniel de Carvalho
Atualização:

Brasília - A Câmara pretende alterar a legislação para garantir a promessa feita por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em sua campanha pela Presidência da Casa, em janeiro, de construir um novo anexo com direito a novo plenário e shopping center. O relatório do correligionário de Cunha, deputado Manoel Júnior (PB), inclui na MP 668, que trata da elevação de alíquotas do PIS/PASEP- Importação e da COFINS-Importação, autorização para que Câmara e Senado realizem parcerias público-privadas (PPPs).

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Para tranquilizar os cinco investidores aprovados para apresentar projetos,o deputado Beto Mansur (PRB-SP), 1º Secretário da Câmara, avisou na última terça-feira, 12, que "será colocada" em uma MP a definição exata da PPP, o que garantiria segurança jurídica. "Quem for investir vai poder investir com total tranquilidade", afirmou.

O texto altera a redação Lei 11.079/2004, a chamada Lei das PPPs, incluindo Câmara e Senado no guarda-chuva da legislação que rege as parcerias público-privadas. Hoje, não há menção ao Legislativo. A MP já está pronta para votação em plenário.

Plenário da Câmara dos Deputados, durante votação da MP 664 Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara

Obras. Detalhes do projeto do anexo 5 -que agora foi rebatizado de anexos 4B, 4C e 4D- foram apresentados nesta semana às empresas. Os investidores têm um mês e meio para apresentar seus projetos. Caberá a eles reformar o já existente bloco A do anexo 4, prédio erguido na década de 1970 que já vem passando por algumas intervenções. Os demais blocos serão construídos em dois terrenos ao lado que pertencem à Câmara. A Casa aguarda autorização do GDF (Governo do Distrito Federal) para unir as duas áreas. Nelas serão construídas os outros prédios.

No bloco B, a Câmara quer que sejam construídos espaços para atividades de apoio aos parlamentares e um auditório de 700 lugares para as sessões do Congresso. Aos fins de semana, o espaço pode ser utilizado como sala de projeções. Hoje, as sessões acontecem no plenário da Câmara, onde deputados e senadores se espremem.

O bloco C deve ser destinado a gabinetes dos parlamentares. Antes de se chegar ao bloco D, há um espaço batizado de "praça de serviços", que na verdade será uma praça de alimentação. O último bloco será ocupado por lojas, bancos e escritórios. "Acho muito importante que a gente possa ter escritórios aqui para serem alugados porque você tem muita entidade que, eventualmente, pode alugar aqui um escritório e estar perto do Congresso Nacional para acompanhar o seu interesse, as questões do dia a dia. Você tem empresas de telefonia, empresas de passagem aérea, de turismo, bancos, sedes e entidades de partido político que muitas vezes alugam aí fora e podem alugar aqui", disse Mansur.

Shopping. Serviços como agências bancárias e dos Correios, e companhias aéreas, por exemplo, seriam transferidas do prédio principal da Câmara para este último bloco anexo.

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De acordo com Mansur, não serão aceitas quaisquer lojas, mas apenas aquelas que "guardam alguma pertinência" com a atividade parlamentar. "Eu, particularmente, não gostaria de ver uma loja da Louis Vuitton aqui. Porque não é uma atividade nem meio nem fim da Câmara. Uma loja de paletó, gravata e camisa social será bem vinda", afirmou o parlamentar, depois de apresentar vantagens comerciais do empreendimento: circulação de 30 mil pessoas de nível salarial "relativamente alto".

O projeto da Câmara também prevê a construção de estacionamentos subterrâneos que somariam 4.500 vagas. "O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está empenhado neste projeto", afirmou Mansur.

A Câmara informou às empresas ter R$ 400 milhões em caixa que tanto podem servir como garantia para os investidores ou para aporte financeiro na obra, o que resultaria em um menor período de concessão aos parceiros. Este valor ainda pode aumentar, porque a Casa pretende vender novamente a folha. Uma assessoria independente será contratada pela Câmara para acompanhar o processo

Nos projetos que apresentarão em 45 dias, as empresas também terão que incluir relatórios de impacto de trânsito, na vizinhança e ambiental. Somente após a apresentação das propostas a Câmara poderá informar valores e prazos de construção e concessão do empreendimento.

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