Câmara discute conta de R$ 1,37 mi com hospital

Valor corresponde aos 36 dias em que Ricardo Izar, morto em maio, ficou internado no Hospital do Coração; Chinaglia acha valor alto demais

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Por José Maria Tomazela
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A Câmara dos Deputados agendou uma reunião com a direção do Hospital do Coração de São Paulo (HCor) para discutir uma conta de R$ 1,37 milhão referente aos 36 dias em que o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) lá ficou internado. O valor, que corresponde a uma despesa de R$ 38 mil por dia, foi considerado muito alto pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Durante todo o período, Izar permaneceu na UTI do hospital, onde morreu no dia 2 de maio, aos 69 anos. Ele havia sido internado na noite de 27 de março, depois de sofrer um mal súbito. A conta do hospital chegou às mãos de Chinaglia há 4 meses, logo após a morte do deputado. Por um ato da Mesa baixado em 1983, em casos de acidentes ou enfermidades graves, o tratamento é bancado pelo caixa do Congresso, com dinheiro do contribuinte. Quando adoeceu, Izar presidia o Conselho de Ética da Câmara. Segundo sua assessoria, Chinaglia ficou impressionado com os valores e está tentando uma negociação do débito. A reunião no HCor deve ocorrer na terça-feira. Antes, o presidente da Câmara entrou em contato com a família para confirmar se não tinha sido utilizado o Pró-Saúde, o plano de assistência médica da Casa. O Pró-Saúde mantém convênios com vários hospitais de São Paulo. A viúva Marisa Izar contou que, quando o deputado passou mal, o HCor era o hospital mais próximo, o que possibilitou que fosse socorrido em menos de dez minutos. "Quando eu soube, ele já estava internado", disse. Após a internação, a família foi informada de que o HCor não estava conveniado com o Pró-Saúde. Em razão da gravidade do caso, optou-se pela não-transferência e pelo ressarcimento das despesas. Marisa explicou que foi orientada sobre a lei e pediu que a conta fosse enviada à Câmara. Como o tempo passou e a Casa não se manifestou, ela entrou em contato com Chinaglia. VERGONHA "Liguei para ele, afinal tinham se passado quatro meses e eu estava envergonhada com a pendência." O presidente da Câmara, que é médico, reclamou do valor da conta. "Argumentei que isso podia ter acontecido com ele ou com outro deputado e falei que ninguém tinha procurado o hospital, nem para dizer se pagava, nem para pedir um abatimento." A assessoria do HCor informou que não está cobrando a Câmara porque o deputado foi internado como cliente particular. O direito ao ressarcimento foi reivindicado pela família. Justificando o valor, o hospital informou que, além de medicamentos, material médico, sessões de hemodiálise e dezenas de exames de imagens, foram realizadas também duas cirurgias. A assessoria de Chinaglia informou que ele pediu à Mesa para orientar os parlamentares sobre como agir nesses casos, para evitar gastos excessivos.

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