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Câmara de Juiz de Fora-MG aprova parecer contra Bejani

Por Eduardo Kattah
Atualização:

A Câmara de Juiz de Fora (MG) aprovou hoje o relatório final, de 113 páginas, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou corrupção e fraudes em contratos firmados pela prefeitura, cujo prefeito, Carlos Alberto Bejani (PTB), que está preso, renunciou hoje ao mandato. Bejani renunciou para tentar escapar de uma eventual cassação e assegurar a manutenção dos direitos políticos. Cumprindo prisão preventiva na Penitenciária Nelson Hungria, ele encaminhou hoje a carta renúncia à Câmara Municipal, alegando que deixava o cargo para poder se dedicar, exclusivamente, à defesa. O parecer da CPI será encaminhado ao Ministério Público (MP). O relator, Bruno Siqueira (PMDB), pediu ao MP que outros 12 acusados sejam investigados. Segundo o presidente da CPI, Izauro Calais (PMN), além de Bejani, foram acusados no documento outros quatro suspeitos: a secretária de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental da cidade, Maria Aparecida Soares, o procurador-geral do Município, Leon Gílson Alvim Soares, e dois empresários acusados de firmarem contratos irregulares e sem licitação com a administração municipal. Calais destacou que, durante a investigação, a CPI identificou fraudes nos contratos com as companhias e "uma relação promíscua e de corrupção com as empresas de ônibus". O ex-prefeito aparece em vídeos apreendidos pela PF em que recolhe maços de dinheiro supostamente de propina paga pelo empresário do setor de transporte coletivo Francisco José Carapinha, mais conhecido como Bolão. Bolão é acusado de receber propina para autorizar o reajuste das tarifas de transporte público da cidade, entre outras denúncias. Em três anos, a passagem subiu de 1,20 para 1,75 real. Durante a comissão, foi apresentada a denúncia do empresário Arlindo Carvalho, que acusou Bejani de exigir R$ 200 mil de propina para cada centavo de aumento na passagem de ônibus do município. "Para cada um centavo de aumento em 2005, ele ganha R$ 200 mil, o que gerou uma corrupção naquele ano de R$ 2,4 milhões", afirmou o presidente da CPI. O MP entrou com uma ação para anular o último aumento nas passagens, que subiu de 1,55 a 1,75 real. Vice-prefeito O vice-prefeito José Eduardo Araújo (PR) assumiu o Poder Executivo hoje, após a renúncia do prefeito, e a posse formal estava prevista para a noite de hoje. A primeira medida de Araújo foi anunciar a exoneração da secretária de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental e do secretário de Planejamento e Gestão Estratégica, Ricardo Francisco de Castro, que é irmão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. O novo prefeito prometeu, posteriormente, uma "reforma mais ampla" no primeiro escalão e anunciou também uma auditoria nas contas e contratos do Executivo. Bejani foi preso pela primeira vez em abril, durante a Operação Pasárgada, que desmantelou um esquema de liberação irregular de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Durante buscas na sua residência, agentes federais encontraram R$ 1,120 milhão em espécie, além de armas e munição. Além da prisão temporária, o ex-prefeito foi autuado em flagrante e permaneceu 13 dias preso. Nas apurações, a Polícia Federal (PF) colheu indícios de fraude na versão apresentada por Bejani para explicar a origem do montante e apreendeu vídeos em que ele recolhe maços de dinheiro supostamente de propina paga por Bolão. No dia 12, Bejani foi preso, preventivamente, em nova ação desencadeada pela PF - batizada de Operação de Volta para Pasárgada e resultante da análise do material apreendido em abril. A reportagem não conseguiu contato com o advogado Marcelo Leonardo, que representa o ex-prefeito. A secretária e o procurador-geral do Município ou representantes deles também não foram localizados hoje.

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