Câmara aprova urgência em projeto que blinda escritórios de advocacia de investigações

Fase da Operação Lava Jato tornou réus advogados suspeitos de envolvimento em um esquema de tráfico de influência

Por Camila Turtelli
Atualização:

BRASÍLIA - Deputados aprovaram nesta segunda-feira, 14, um requerimento de urgência para análise do projeto de lei que promove uma série de mudanças no estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Assinado por líderes da oposição e também do Centrão, o pedido passou em votação simbólica, ou seja, sem a contagem de votos.

Em setembro, uma fase da Operação Lava Jato tornou réus advogados suspeitos de envolvimento em um esquema de tráfico de influência que, segundo o Ministério Público Federal, desviou R$ 151 milhões do Sistema S. Esse sistema engloba Fecomércio, Sesc e Senac.

Plenário da Câmara dos Deputados Foto: Dida Sampaio|Estadão

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De autoria do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), o projeto de lei pode fazer com que escritórios de advocacia sejam blindados de mandados de busca e apreensão, autorizados com base somente em delações premiadas e depoimentos.

“É perceptível o impacto do projeto sobre investigações de advogados que teriam participado de grandes esquemas de corrupção, que hoje estão sendo apuradas graças a diligências feitas com base em acordos de colaboração premiada”, afirmou o líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime, que foi contra o requerimento de urgência. Em sua avaliação, a coleta de provas “poderia ser comprometida pela exigência de que ordens de busca e apreensão só possam ser concedidas quando houver prova periciada pelo Judiciário”.

Abi-Ackel justifica, por sua vez,que o projeto tem como objetivo adequar o Estatuto da OAB às novas exigências do mercado. Para ele, é necessário reforçar as prerrogativas que a Constituição e o próprio estatuto da OAB asseguram aos advogados, “sempre com vistas a proteger a sociedade civil de ações arbitrárias que possam ser perpetradas pelo Estado”.