Câmara adia decisão sobre processo contra Protógenes

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Por Eduardo Bresciani
Atualização:

O Conselho de Ética da Câmara adiou a decisão sobre a abertura de processo contra o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). O parlamentar foi flagrado em interceptações telefônicas da Polícia Federal em conversas com Idalberto Matias Araújo, o Dadá, um dos integrantes do esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira. Apesar de o relatório do deputado Amauri Teixeira (PT-BA) ser pela abertura de processo, o líder do partido, Jilmar Tatto (SP), compareceu à reunião para dizer que o PT é favorável ao arquivamento do processo. A votação não ocorreu porque o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) pediu vista.A reunião foi marcada pela mobilização da base aliada em favor de Protógenes. Sibá Machado (PT-AC) tentou protocolar um voto em separado pedindo a absolvição, mas o regimento do Conselho impede esse instrumento. Tatto, que não é integrante do Conselho, pediu a palavra para dizer que a posição de Machado é a do PT e não a de Teixeira, que desejava a investigação. Antes da sessão, Protógenes já tinha procurado colegas de diversos partidos entregando uma manifestação de duas páginas em que argumentava não haver motivo para enfrentar um processo.O relatório de Teixeira pedia a abertura da investigação por haver indícios de quebra de decoro parlamentar. "Um parlamentar não pode agir como tudo indica tenha agido o deputado Protógenes Queiroz, mantendo relacionamento próximo com um notório contraventor e, pior, o auxiliando diante das investigações levadas a cabo pela Polícia Federal".Com a mobilização da base, o clima de arquivamento estava consolidado, mas o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) surpreendeu ao pedir vista. Ele argumentou que por estar se dedicando à CPI do Cachoeira não teve condições de acompanhar o trabalho de Teixeira e não teria como votar.Protógenes reclamou do adiamento. "Foi muito doloroso ficar explicando para os meus familiares a inocência de uma inocência, espero que não aumentem essa situação. Se é para prosseguir o processo, prossigamos, se é para abreviar, abrevia, mas que se coloque a termo esse processo".Com a manutenção do pedido de vista, o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), agendou para 4 de julho uma nova reunião, uma vez que parlamentares pediram para não se realizar a sessão nas duas próximas semanas devido à Rio+20 e às festas juninas no Nordeste.O relator saiu da reunião fazendo acusações ao PSDB e o PT de usarem o processo para fazer "jogo político". Ele contou ter recebido um telefonema do presidente do PT, Rui Falcão, comunicando que o partido não referendaria seu relatório e criticou o pedido de vista ao destacar que foi o próprio PSDB que fez a representação. "Foram eles que apresentaram os elementos e eu pedi a abertura, não tinha por que fazer o pedido de vista". O líder da minoria, Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), negou intenção do partido de prolongar o desgaste do Protógenes e afirmou que nenhum parlamentar pode ser obrigado a votar sem ter conhecimento do que está em discussão.O presidente do Conselho afirmou que as relações políticas no colegiado são diferentes do que ocorre na CPI porque os parlamentares têm mandatos e não podem ser retirados se desobedecerem seus partidos.Araújo chegou a interromper Tatto durante a reunião para dizer que a posição partidária que ele anunciava não poderia ser expressa no colegiado. "O Conselho é independente e não pode sofrer pressão".

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