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Câmara absolve o deputado Wanderval Santos

Ele é o sexto parlamentar a se livrar da cassação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais um deputado da lista do mensalão foi absolvido pela Câmara. Desta vez quem se livrou da cassação foi Wanderval Santos (PL-SP), acusado pela CPI dos Correios de receber R$ 150 mil das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. A ausência de 69 deputados contribuiu para livrar Wanderval. Dos 513 deputados, votaram 444. Pela cassação do mandato do parlamentar foram registrados 242 votos, 15 a menos do que os 257 necessários para a declaração da perda de mandato. Votaram a favor de Wanderval 179 parlamentares. Foram registrados ainda 20 abstenções e três votos em branco. Livraram-se da cassação, até agora, além de Wanderval Santos, os deputados Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), Sandro Mabel (PL-GO), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Pedro Henry (PP-MT). Foram cassados Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE). Renunciaram ao mandato para fugir do processo Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Paulo Rocha (PT-PA). Defesa Wanderval utilizou duas estratégias para se defender. Em primeiro lugar, imitou o deputado Roberto Brant (PFL-MG), que há 15 dias atacou a opinião pública, chamando-a de "elitista, muito menor do que o povo", e se livrou da cassação, porque provocou o amor-próprio dos parlamentares. Em segundo lugar, ele atribuiu toda a culpa pelo aparecimento de seu nome na lista dos recebedores de dinheiro de Marcos Valério ao ex-deputado Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), que renunciou ao mandato para fugir do processo de cassação. Chamou-o de "covarde" por ter fugido do processo. Disse que Rodrigues determinou a seu motorista que fosse ao Banco Rural pegar o dinheiro. O deputado lembrou que, respondendo ao senador Romeu Tuma (PFL-SP) na CPI dos Bingos, Rodrigues pediu perdão: "Pedi perdão ao Wanderval. Eu estou aqui porque o nome do Wanderval - sinto imensamente - foi envolvido injustamente num fato que eu cometi", disse Wanderval, imitando Rodrigues. Depois, de acordo com informação do deputado, Rodrigues ligou e, pessoalmente, pediu perdão. "Depois de alguns dias, ele também me ligou me pedindo perdão. Logicamente que como cristão eu deveria perdoá-lo. Mas a verdade é que quem teria que estar aqui nesta tribuna hoje para responder pelos seus atos ilícitos seria o ex-deputado Carlos Rodrigues. Mas a covardia o levou a renunciar, e a covardia não me levou a renunciar, porque estou aqui hoje enfrentando esse processo no lugar do ex-deputado Carlos Rodrigues. E falei mais: sobre o mal que ele causou a mim e também à minha família e aos meus filhos." Aluguel de mandato O Conselho de Ética da Câmara votou pela cassação do mandato de Wanderval. O relator do processo, deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), afirmou que o parlamentar alugava seu mandato para Carlos Rodrigues, o que configuraria quebra de decoro. Para reforçar a tese do aluguel do mandato, Alencar afirmou que Rodrigues utilizava a estrutura do gabinete de Wanderval, apesar de outros dois, o próprio e o de líder do PL, grande, com mais de vinte servidores, sem limite de gastos com telefone e papel. Como nas votações anteriores de cassação de parlamentares, o interesse dos deputados nos processos de perda de mandato continua a cair. Quando o julgamento teve início estavam presentes apenas 11 deputados. Assim mesmo, boa parte permaneceu de costas ou conversando enquanto Chico Alencar lia seu relatório pela cassação.

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