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Caiapós exigem do Ibama liberação de mogno

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 100 índios, que formam as principais lideranças da nação caiapó no sul do Pará, estão exigindo do Ibama a liberação de 30 mil metros cúbicos de mogno extraídos nos últimos meses de suas terras por empresas madeireiras. Toda essa madeira está avaliada em mais de 70 milhões. Apreendido por fiscais do Ibama, o mogno está empilhado dentro das reservas caiapós, e tem a Fundação Nacional do Índio (Funai) como fiel depositária. Eles criticam portaria do Ibama, assinada em outubro do ano passado, proibindo extração, transporte e comercialização de mogno. E afirmam que estão passando fome e sem dinheiro para comprar comida, roupas e remédios para a tribo. Para cobrar uma posição do Ibama, os índios fretaram dois ônibus e viajaram cerca de 3 mil quilômetros de Redenção, no sul do Pará, até Brasília. A viagem teria sido patrocinada por madeireiros da região interessados na retomada da venda de mogno para empresas da Europa e Estados Unidos. Em Brasília, os caiapós estiveram reunidos com o presidente do Ibama, Hamilton Casara, e com a gerente executiva do órgão no Pará, Selma Melgaço. Os dois ouviram as queixas dos índios, mas foram taxativos: não irão liberar o mogno estocado nas reservas porque se trata de espécie derrubada ilegalmente ou com falsos planos de manejo do Ibama. Os caiapós ficaram furiosos, ameaçando tomar atitudes drásticas para fazer valer o que consideram seus "direitos". Eles chegaram a dizer que eram donos da terra, da natureza e da vontade de fechar negócios com os madeireiros para garantir a sobrevivência de seu povo. À tarde, mais calmos, eles direcionaram o foco de suas reivindicações para uma fiscalização conjunta entre Ibama e Funai sobre a exploração de madeira em suas terras, caça e pesca. Hoje o comércio ilegal de mogno é um excelente negócio apenas para as empresas madeireiras. Por cada tora retirada da terra caiapó o madeireiro paga R$ 50 ao índio, mas vende a mesma tora por U$ 600, cerca de R$ 1,4 mil.

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