Cacique Juruna é sepultado em reserva xavante

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-cacique Xavante Mário Juruna, 58 anos, foi sepultado na manhã desta sexta-feira na aldeia Barreirinho, na Reserva Xavante São Marcos, em Barra do Garças, a 680 quilômetros de Cuiabá, leste de Mato Grosso. A cerimônia foi reservada apenas para os membros da nação Xavante, de acordo com a tradição e costume da etnia. Na cerimônia, os índios dançaram em homenagem ao cacique xavante. "É uma dança muito triste para um amigo, mas é alegre porque ele vai se juntar aos outros chefes", disse seu irmão, cacique Simão Dzururá. A filha do cacique, Samantha, disse que os filhos e netos "continuarão a luta de Juruna pelo fim do preconceito e pelos respeito aos povos indígenas". Ontem, o corpo de Juruna foi velado na Câmara de Vereadores de Barra dos Garças. Durante o velório, lideranças indígenas fizeram duras críticas ao governo lamentado o descaso para com as nações indígenas. Centenas de pessoas passaram pelo local para se despedir de Juruna. Primeiro e único índio brasileiro a se tornar deputado federal, o ex-cacique morreu na noite desta quarta-feira no hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de 15 dias de internação, por complicações renais. Como parlamentar, Juruna criou a Comissão do Índio. Irreverente, chamava dinheiro de ?lixo? e jamais conversava com uma autoridade sem a companhia de um gravador, para não correr o risco de ser chamado de mentiroso. Foi fundamental na eleição de Tancredo Neves, em 1985, ao denunciar a tentativa de compra de voto, feita por Calim Eid, ex-tesoureiro de Paulo Maluf. Decepcionado, achava que seu trabalho em favor de seu povo foi em vão. Índio da Reserva Xavante São Marcos, em Barra do Garças, Mário Dzururá, seu nome na etnia, deixa 12 filhos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.