PUBLICIDADE

Cabral e comandante do Leste entram em choque

Insatisfeito com críticas do governador do Rio, general afirma não ter ?competência legal? para autorizar uso da tropa na segurança pública

PUBLICIDADE

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

A utilização das Forças Armadas para reforçar a segurança da capital durante as eleições provocou um atrito entre o governo do Rio e o Comando Militar do Leste. Insatisfeito com as críticas feitas pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), o comandante militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira, divulgou, por meio do Centro de Comunicação Social, uma nota em que informa não ter "competência legal" para autorizar o emprego da tropa do Exército na segurança pública. Na resposta a Cabral, o comandante relaciona 16 "ações de apoio" desenvolvidas pelo Exército em vários municípios fluminenses. O general encerra o comunicado reiterando "disposição de cooperar com o governo do Estado, desde que sejam observados os parâmetros que as lei prescrevem". Na sexta-feira, pouco antes de encaminhar ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a presença das Forças Armadas nas eleições cariocas, Cabral disse que o Comando Militar do Leste está "na mão de um general que não é muito proativo" e que "há um certo ruído" entre o comando do Exército no Rio e o governo estadual. O governador afirmou ainda que, para o comando da operação militar durante as eleições, "virão outros oficiais das Forças Armadas". O general Silveira reagiu no dia seguinte, com a nota oficial. Nela, afirma que pedidos anteriores de utilização do Exército na segurança pública do Rio não foram atendidos "por falta de amparo legal". Segundo ele, o governo estadual não observou o "prescrito no estamento jurídico que regula o emprego da força federal na garantia da lei e da ordem nos Estados". No ano passado, Cabral chegou a pedir que as Forças Armadas atuassem na segurança do Rio durante um ano, mas não foi atendido. "Não é competência legal do comandante militar do Leste autorizar o emprego de tropa do Exército na segurança pública", diz o primeiro item da nota oficial. EMPRÉSTIMO Entre as ações do Exército no Rio citadas pelo comandante, está o empréstimo de mais de 400 armas, entre fuzis e metralhadoras, para a Polícia Civil do Rio e para a Superintendência da Polícia Federal no Estado. Ontem, a assessoria de imprensa do governo do Estado informou que Cabral não comentaria a nota oficial do comandante. Tanto o Comando Militar do Leste quanto o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio informaram não ter ainda os detalhes sobre a ação do Exército na capital. Caberá ao TSE fixar as normas para o emprego das Forças Armadas. O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, terá reuniões com os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim, e com Cabral antes de definir os detalhes da operação. A discussão sobre a presença do Exército no Rio começou com a expulsão de candidatos por líderes do tráfico ou de milícias que dominam os morros da cidade. Jornalistas também foram ameaçados e a Polícia Federal apura se eleitores estão sendo intimidados. Na semana passada, o TSE aprovou a presença do Exército no Rio. Na quinta-feira, Cabral afirmou que não faria o pedido imediatamente, mas no dia seguinte encaminhou ofício ao TSE. O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, na sexta-feira, fez declarações contrárias ao uso do Exército e disse que há "exploração política" de candidatos que têm dificuldades de fazer campanha nas favelas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.