Cabral confirma Brizola Neto em secretariado

Governador reeleito do Rio inicia seu segundo mandato no próximo sábado, 1º, com mudanças pontuais em sua equipe

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Para acomodar o PDT no governo, o governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), oficializou nesta terça-feira, 28, o deputado Brizola Neto, que não se reelegeu, na Secretaria do Trabalho. O antecessor, Ronald Ázaro, foi deslocado para a pasta do Turismo, desmembrada da de Esportes e Lazer. Cabral também dividiu a Secretaria de Agricultura para convidar outro pedetista. O deputado estadual eleito Felipe Peixoto assume a nova Secretaria de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca.

 

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Cabral, inicia o segundo mandato no próximo sábado, 1º, com mudanças pontuais no secretariado, principalmente para acomodar os aliados do PT e do PDT. Fortalecido pela bem-sucedida ocupação policial do Complexo do Alemão, Cabral mantém o foco na segurança e o equilíbrio entre técnicos e costuras políticas na equipe.

 

O principal nome do PT na equipe de Cabral é o do ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Reeleito deputado estadual, ele reassume a Secretaria do Ambiente, de onde saiu em 2008 para substituir Marina Silva em Brasília. No início do primeiro mandato, o petista agradou Cabral ao agilizar licenças para grandes empreendimentos, algumas questionadas pelo Ministério Público (MP).

 

Outra pasta reassumida pelo PT é a de Assistência Social. Festejado como técnico competente, o economista e ex-assessor especial do BNDES Ricardo Henriques, identificado com o partido, terá de passar a cadeira ao deputado estadual Rodrigo Neves (PT), exigência da bancada petista na Assembleia Legislativa. Sociólogo, Neves chega ao cargo apenas com a liderança política ascendente em Niterói como credencial. Vem de uma ala diferente do grupo da ex-ministra Benedita da Silva (PT), deputada federal eleita que ocupara a secretaria até abril. Henriques deve ganhar um cargo do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para quem Cabral quer deixar a ação social (e a conta) nas favelas ocupadas.

 

 

O PSB deve manter o deputado reeleito Alexandre Cardoso na Secretaria de Ciência e Tecnologia. No núcleo principal do governo, o braço direito Régis Fichtner retorna à Casa Civil depois de assumir o final do mandato de Cabral no Senado como suplente. Ele reconstitui com Sérgio Ruy Barbosa (Planejamento) e Wilson Carlos (Governo) o triunvirato que sempre fez a cabeça do governador.

 

Policial federal sem laços partidários, José Mariano Beltrame permanece na Secretaria de Segurança com a promessa de manutenção da autonomia para comandar as polícias Civil e Militar e de mais recursos para formar agentes e tirar do papel a promessa de Cabral de alcançar todas as favelas tomadas por criminosos com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A meta é ousada, já que só a capital tem mais de uma centena de comunidades sujeitas ao tráfico de drogas e milícias.

 

Beltrame segue na Segurança

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Os resultados e a popularidade alcançados por Beltrame o tornaram peça-chave do segundo mandato. Cabral trocou a influência política que os governadores fluminenses sempre gostaram de exercer sobre a segurança por resultados. Fecha o mandato com mais do que esperava: a midiática retomada do Alemão estava prevista para mais adiante. O cronograma do que o governo chama de "pacificação" vai até 2014, quando a Copa atrairá a atenção mundial para o Rio, até a Olimpíada de 2016.

 

As obras para os eventos, da expansão do metrô à reforma do Maracanã, serão lideradas pelo vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), outro que retorna ao governo. Reeleito com Cabral, Pezão caiu nas graças da presidente eleita Dilma Rousseff ao coordenar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio. Chegou a ser cotado para o Ministério das Cidades, mas o governador nem pensou em abrir mão do seu principal executivo, com forte influência política no interior.

 

Com a intenção de Eduardo Paes de se reeleger para ser o prefeito da Olimpíada, Pezão foi escolhido por Cabral para sucedê-lo. Foi até discutida a criação de uma supersecretaria para lhe dar mais visibilidade, mas Cabral preferiu reconduzi-lo à pasta de Obras. Têm a assinatura de Pezão projetos inovadores, como a urbanização de favelas com soluções como o teleférico do Alemão.

 

A primeira substituição no secretariado foi feita logo na semana seguinte à reeleição. Cabral trocou Tereza Porto pelo então administrador do Rio Previdência, o ex-vice-presidente da Caixa Wilson Risolia, para dirigir a secretaria de Educação, considerada o principal ponto fraco do governo. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio fluminense é o segundo pior do País, à frente apenas do Piauí.

 

Na Saúde, mesmo sob denúncias de fraudes em licitações, permanece o médico Sérgio Côrtes, que a indiscrição de Cabral sobre a sondagem de Dilma inviabilizou para o ministério. Côrtes é o criador das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), encampadas pela presidente eleita na campanha.

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