Cabral anuncia boicote do grupo de Jobim à eleição do PMDB

Grupo não irá comparecer à convenção, esvaziando assim a reeleição de Temer

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Por Agencia Estado
Atualização:

Horas depois de tirar o ex-ministro Nelson Jobim da disputa pela presidência do PMDB, o grupo político do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), anunciou um boicote à convenção do partido no domingo. O movimento, se confirmado, esvaziará a reeleição do presidente do partido, Michel Temer (SP), agora candidato único ao comando do partido. O boicote foi anunciado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, depois de uma reunião com Jobim, o ex-presidente José Sarney (AP), o deputado Jader Barbalho (PA) e os governadores Eduardo Braga (AM) e Marcelo Miranda (TO), entre outros dirigentes peemedebistas. "Em respeito ao Nelson Jobim e a sua decisão, não vamos comparecer à convenção. É um consenso e uma questão de compostura", disse Cabral a jornalistas ao sair da reunião no gabinete do presidente do Senado. O boicote foi anunciado no momento em que Temer e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), estavam no Palácio do Planalto para uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O convite de Lula a Temer detonou a crise com a ala do PMDB ligada a Renan. Após a renúncia de Jobim - que alegou interferência do Planalto na disputa - Temer procurou aliados do adversário para montar uma chapa de composição. "O governo em nenhum momento interferiu em favor de uma ou de outra candidatura. Precisamos agora incorporar todas as forças do PMDB na nova direção partidária", disse Temer a jornalistas, na Câmara. O estatuto do PMDB permite que sejam feitas alterações na chapa de 119 membros que concorre ao Diretório Nacional. Temer quer incluir governadores e dirigentes da antiga chapa de Jobim para demonstrar unidade partidária. O comunicado de Jobim faz referência à provável decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de entregar o Ministério da Integração Nacional ao peemedebista Geddel Vieira Lima (BA). Enquanto o grupo de Temer defendia que Lula realizasse a reforma ministerial antes da convenção nacional do partido, os aliados de Jobim defendiam que nova equipe fosse concluída somente após o encontro. Renan disse ao presidente Lula, por telefone, que seu grupo considera-se "liberado" de apoiar politicamente o governo, ao qual aderiu em 2005, no auge da crise do mensalão. O apoio de Renan ao governo tem sido fundamental para conter a força da oposição no Senado, onde PFL e PSDB controlam 31 das 81 cadeiras. Dos 20 senadores do PMDB, 19 estavam na chapa de Jobim. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, negou que o Palácio do Planalto tenha interferido na disputa interna do PMDB.

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