Cabral anuncia Benedita e outros cinco secretários

Com dois nomes anunciados, PT formaliza participação no futuro governo do Estado

Por Agencia Estado
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O governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), anunciou nesta quarta-feira seis integrantes de seu novo secretariado. Entre eles estão Benedita da Silva (PT) - que assumirá a Secretaria de Ação Social e Direitos Humanos - e Carlos Minc - que comandará a pasta do Meio Ambiente. A indicação do deputado estadual e da ex-governadora formaliza a participação do PT fluminense no próximo governo. Cabral afirmou que buscou a experiência administrativa para definir os nomes, mas admitiu que a participação do PT no seu governo facilita sua aproximação com o governo federal. No entanto, o governador eleito rejeitou a idéia de que o anúncio esteja ligado à participação do PMDB no governo federal. "Foram escolhas administrativas", disse. "São pessoas que têm tradição e experiência nas áreas que vão assumir". De acordo com Cabral, a relação política com o PT diz respeito apenas à aliança eleitoral no segundo turno e ao compromisso assumido por ele de ajudar Lula a se aproximar do PMDB. "Um novo ambiente, nessa relação com o presidente da República, está sendo construído de maneira muito positiva", afirmou. "Defendo que Lula tenha a liberdade da ação política na escolha dos seus colaboradores assim como eu tive", afirmou. Quase três anos depois de ter sido demitida pelo presidente Lula do Ministério da Assistência Social, com poucos resultados e o constrangimento de uma viagem irregular à Argentina, Benedita volta a um cargo análogo. Cabral afirmou que ela é um símbolo da luta social no Brasil. "Eu falei com o Lula que iria convidar Benedita e ele ficou muito feliz", disse. A futura secretária foi coordenadora da campanha do presidente no Rio. A escolha aproxima o governador eleito de Lula, mas o afasta do casal Garotinho. Presidente regional do PMDB, o ex-governador Anthony Garotinho dá sinais de que está insatisfeito com o tom crítico adotado por Cabral em relação ao governo de sua mulher, Rosinha Matheus. Num encontro, ele teria pedido que Cabral não nomeasse Benedita, desafeta do casal. Cabral negou a informação, mas mandou um recado: "O governador eleito fui eu. Quem escolhe secretários sou eu. Essa autonomia foi dada pela população do Estado do Rio, que me deu 68% dos votos no segundo turno", disse. "Nunca interferi na escolha do secretariado de nenhum governo e portanto tenho autonomia e liberdade para escolher os meus secretários". Apesar das rusgas aparentes, Cabral também nomeou nesta quarta aliados de Garotinho. O vice-governador eleito, Luiz Fernando Pezão, será o secretário de Obras. Noel de Carvalho, que foi líder de Rosinha na Assembléia, ficou com a pasta da Habitação. E Christino Áureo, secretário de Agricultura de Rosinha até abril, voltará ao cargo. Curiosamente, Benedita, que foi duramente atacada por Garotinho quando se tornou governadora e perdeu a reeleição para Rosinha, ficará responsável pela administração do principal símbolo político do casal: o cheque-cidadão, uma espécie de Bolsa-Família; e pelo Restaurante Popular, que serve refeições a R$ 1. A nova secretária já acenou com uma revisão dos programas para integrá-los às políticas do governo federal. "Vamos afinar as políticas", disse. "O cheque-cidadão tem o mesmo objetivo do Bolsa-Família, vamos ver como fazer esse encontro". Benedita afirmou não se arrepender de ter ajudado Garotinho a se eleger em 1998, como sua vice, e, depois, ter sofrido com ataques do desafeto. "Fiz parte de um projeto político, que era, naquele momento, de sustentação de Lula. É o que estamos fazendo de novo. Na política há bons e maus tempos", disse. "Todo e qualquer projeto pode correr riscos, mas o PT está acreditando que será muito diferente o governo de Sérgio Cabral. Vamos integrar o governo sem olhar no retrovisor. Brigas até hoje não ajudaram o Rio a ter o seu projeto". Cabral anunciou ainda nesta quarta Wilson Carvalho, coordenador executivo de sua campanha e um antigo colaborador, como seu futuro secretário de Governo. O governado não quis confirmar rumores de que teria convidado o ex-secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, para a pasta da Fazenda.

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