Bush e Lula elevam patamar de diálogo entre Brasil e EUA

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Por Agencia Estado
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Os presidentes Luiz Inácio Lula de Silva e George Bush anunciaram ontem, após mais de duas horas de conversas e de um almoço na Casa Branca, sua decisão de "criar uma relação mais estreita e qualitativamente mais forte" entre o Brasil os Estados Unidos. "É hora de se definir um novo e decidido rumo em nosso relacionamento, guiado por uma visão comum de liberdade, democracia, paz, prosperidade e bem estar para os nossos povos, com vistas à promoção da cooperação hemisférica e global", afirmaram eles, num comunicado conjunto dos dois países que delineou os termos de uma cooperação mais ampla e mais profunda e marcou o reconhecimento pelos Estados Unidos do papel de liderança internacional do Brasil. Para sublinhar a disposição declarada pelos presidentes de elevar o relacionamento a um novo patamar e dar mais estrutura ao diálogo bilateral, os dois governos anunciaram a criação de vários novos mecanismos de consulta de alto nível entre seus respectivos ministérios de finanças, agricultura, energia, e áreas afins em ciência e tecnologia, que se somarão aos já existentes nas áreas diplomática, de política de comércio exterior e defesa. Lançaram, ainda, um projeto que levarão o Brasil e os EUA a atuar juntos em programas de combate à AIDS/HIV em Moçambique e, numa segunda etapa, em Angola. Altos funcionários dos dois países mostraram-se extremamente satisfeitos com o resultado do encontro. O chanceler Celso Amorim classificou a reunião dos dois presidentes de "histórica", sublinhando que ela não foi apenas uma reunião de cúpula de dois presidentes, mas de dois governos. A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, que esteve presente ao primeiro encontro entre os dois líderes, em dezembro passado, quando Lula veio a Washington como presidente eleito, disse ao Estado ter ficado "impressionada com a coincidência de pontos de vistas, com a facilidade do relacionamento pessoal entre os dois presidentes e com a compreensão de ambos sobre quanto podem fazer juntos". Segundo a embaixadora, "o encontro de dezembro foi bom, mas este foi ótimo". Um alto funcionário americano afirmou que a visita de Lula "não poderia ter sido melhor". Lula, Bush e seus ministros comeram camarão e costeletas de carneiro no almoço. Bush chamou atenção para a importância que atribui à relação entre os EUA e o Brasil ao saudar Lula no Salão Oval, no início do encontro. "Esse é o terceiro encontro que tenho com o presidente e isso mostra a importância de nosso relacionamento", disse Bush. (Eles estiveram juntos no mês passado na reunião do G-8 na França.) "O Brasil é uma parte inacreditavelmente importante de uma América do Sul e do Norte pacífica e próspera e posso dizer que, da perspectiva dos Estados Unidos, este é um relacionamento vital, importante e crescente". O líder americano manifestou também sua admiração pessoal pelo presidente do Brasil. "Ele é um homem que claramente tem profundas preocupações com todo o povo do Brasil, ele não apenas tem um tremendo coração, mas também tem a capacidade de trabalhar de perto com seu governo e com o povo do Brasil para encorajar a propseridade e acabar com a fome". Lula respondeu dizendo que quer aprimorar ainda mais "a antiga e forte relação" que o Brasil tem com os EUA e que isso deve se basear "na sinceridade das pessoas, e na confiabilidade que os líderes precisam ter e não em jogo de cena para a imprensa e para o mundo". Ele disse acreditar que "o Brasil é e pode continuar a ser um grande parceiro dos Estados Unidos". Lula lembrou que os dois países "tem muitas coisa em comum" e lembrou que o formato do encontro com Bush era, em si, uma novidade importante no relação bilateral. "Sem nenhuma dúvida, eu acredito que nós podemos supreender o mundo em termos do relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos". De acordo com relato de pessoas que testemunharam as conversas, elas foram amigáveis, francas. "Não pode haver nenhum assunto tabu entre nós", disse Lula, a certa altura de seu encontro inicial com Bush. O líder americano tocou no fato de ele e Lula entenderem-se apesar de serem políticos que ocupam lugares quase que opostos no espectro ideológico. "Nós dois temos imagens públicas (como direitista e esquerdista) e estamos provando que os especialistas estão errados a nossos respeito, porque você se preocupa com a política econômica e nós, republicanos, nos preocupamos com o problema da pobreza", disse. A oposição do Brasil à guerra do Iraque e as diferenças de opinião dos dois governos em relação a Cuba não foram mencionadas. Os dois presidentes conversaram sobre Argentina, Venezuela e Colombia. Quanto à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o tema que a curto prazo desafia a disposição de diálogo entre Lula e Bush, os dois presidentes reafirmaram o compromisso de trabalhar para que as negociações - que o Brasil e os EUA presidem - sejam concluídas com sucesso em janeiro de 2005. Para ler mais sobre a cúpula Brasil-EUA: Palocci considera factível queda dos juros para um dígito Lula comenta nos EUA a morte do segurança de seu filho Lula diz que redução da taxa de juros é sonho pessoal » Palocci e Snow criam grupo de trabalho para crescimento » Transgênicos e parcerias são destaques na cúpula Brasil-EUA » Lula e Bush trocam elogios » Lula e Bush se reúnem na Casa Branca Os preparativos » Alca é prioridade para autoridades do Brasil e dos EUA » Brasil e EUA assinarão cinco acordos » EUA e Brasil deverá liderar a criação da Alca » Após ver Bush, Lula terá encontro com o chefe do FMI

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