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Burocracia atrasa tratamento de diabéticos

Por Agencia Estado
Atualização:

A burocracia do Ministério da Saúde pode estar condenando à morte nove pacientes portadores de diabetes tipo 1, também conhecida como diabetes juvenil. Há cerca de um ano, o grupo vem lutando para se submeter a um novo tratamento que leva à cura da doença, o transplante de ilhotas pancreáticas ou células Beta, que já vem sendo realizado com sucesso há quatro anos nos Estados Unidos e Canadá. Um dos pacientes, a administradora baiana Telma Mércia do Rosário de Almeida, de 45 anos, portadora de diabetes juvenil corre risco iminente de vida, tentando controlar a doença com acompanhamento intensivo de suas taxas de açúcar no sangue e fez um apelo hoje na capital baiana. "Não quero morrer, é uma irresponsabilidade que isso ocorra por causa da burocracia", disse Telma, informando que os médicos americanos e canadenses só estão realizando transplantes de pacientes dos seus países devido à grande procura. No Brasil, o problema é que, até o momento, o Conselho de Ética em Ensino em Pesquisa (Conepe) do Ministério da Saúde ainda não liberou esse tipo de transplante no País, apesar da equipe do endocrinologista Freddy Goldberg Eliashewitz, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, já dominar a técnica e estar apta para realizar a cirurgia desde o ano passado. "Eu deveria ter feito o transplante em novembro, mas a autorização não saiu", disse Telma, que apelou de todas as formas ao doutor Eliashewitz mas ele se disse impedido. "Eu preciso da autorização", teria sido a última palavra do especialista. O Albert Einstein já dispõe do material para o transplante (extraído do pâncreas de doadores já falecidos) e de recursos para desenvolver o projeto no Brasil, dependendo apenas do sinal verde do Conepe. As nove primeiras cirurgias em caráter experimental não custarão nada aos pacientes, que poderão voltar a ter uma vida normal. Injetadas no paciente, as células Beta passam a produzir insulina naturalmente, regularizando os níveis de açúcar no sangue. Quem sofre de diabetes juvenil como Telma, além de ser dependente eterno de insulina, precisa manter um rígido controle glicêmico. Os choques hipo ou hiperglicêmicos, que provocam aumento e diminuição das taxas de açúcar, causam perda de consciência e um mal-estar constante. "Já aconteceu de estar dirigindo um veículo com minha filha e perder a consciência; por pouco não morremos no acidente", relatou Telma, que já enviou correspondência do Ministério da Saúde, pedindo urgência no processo de autorização do transplante mas até o momento não foi atendida.

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