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Bruno Covas deve decidir sobre volta às aulas e auxílio emergencial

Desafios impostos por coronavírus pautarão primeiras ações de tucano; plano de governo tem 79 promessas e prevê R$ 18 bi em obras

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Por Adriana Ferraz
Atualização:

Com a legitimidade das urnas, o tucano Bruno Covas assume nesta sexta-feira, 1º, seu segundo mandato à frente da Prefeitura de São Paulo em busca de uma marca para chamar de sua. Se a primeira gestão teve como destaque a saída precoce de João Doria (PSDB) e a pandemia do novo coronavírus – além da luta de Covas contra um câncer –, o desafio agora é fazer valer o plano de governo aprovado pelos paulistanos. Nos próximos quatro anos, o prefeito terá pela frente ao menos 79 promessas a cumprir.

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Parte dos compromissos assumidos durante a campanha são urgentes e dizem respeito à covid-19. Oferecer a vacina em todas as regiões da cidade é meta a tirar do papel ainda em janeiro, caso o imunizante produzido pelo Instituto Butantan ou qualquer outro a ser comprado pelo Ministério da Saúde seja entregue ao município no primeiro mês do ano.

Do mesmo modo, é esperada para os primeiros dias do governo a apresentação de um plano de volta às aulas presenciais, e com recuperação do aprendizado – entre as promessas oficializadas em seu programa está a inclusão de um professor extra nas salas para auxiliar alunos com mais dificuldades.

O prefeito Bruno Covas se submete a medição de temperatura ao visitar escola municipal na zona leste. Foto: Taba Benedicto/Estadão

A evolução dos dados relativos a contágio, internações e mortes por covid-19 na capital ainda definirá se o estado de calamidade pública se estenderá e quais medidas deverão ser adotadas por Covas neste segundo ano de pandemia. Há expectativa especialmente sobre a possibilidade de pagar uma nova rodada de auxílio emergencial aos mais carentes. Em 2020, cerca de 1,2 milhão de moradores receberam uma parcela de R$ 300, ao custo de R$ 417 milhões.

Com o secretariado renovado para esse segundo mandato – e mais diverso, com a presença de mulheres e negros, conforme promessa –, Covas pretende se “aventurar” em um plano de obras estimado em R$ 18 bilhões. Só os prometidos 95 quilômetros de ônibus devem exigir recursos da ordem de R$ 2 bilhões a 4 bilhões, a depender do modelo escolhido e da necessidade de promover desapropriações para viabilizá-los.

Em seu primeiro mandato, a única obra que o tucano tirou do papel por decisão própria foi a revitalização do Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. Mas, após sofrer muitas críticas, a reforma foi escondida na campanha eleitoral e nem sequer chegou a ser oficialmente inaugurada.

Outro projeto assumido por Covas sem sucesso ao longo dos mais de dois anos e meio de mandato foi a transformação de Minhocão em um parque, que agora consta oficialmente do plano de governo aprovado nas urnas. Se vingar, o prefeito espera que a proposta se transforme em uma de suas marcas de gestão, ao lado da implantação do Parque Augusta, também na região central da capital paulista. Ambas as medidas são reivindicações de uma parte do eleitorado que apoiou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.

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Social

Se a promessa de governar para todos assumida no discurso da vitória valer a partir desta sexta, Covas ainda terá de colocar em prática compromissos importantes e necessários na área da assistência social, como triplicar o número de vagas para moradores de rua em repúblicas, no modelo de autogestão, e implantar de forma progressiva e permanente o “cartão alimentação”, em substituição ao “Cidade Solidária”, que faz distribuição de cestas básicas à população mais carente.

A cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, considera o enfrentamento da miséria na cidade como um dos principais desafios de Covas, que passou a campanha dizendo que deseja ser conhecido como um prefeito que se dedicou a reduzir as desigualdades sociais de São Paulo.

“O prefeito deverá aumentar sua atuação na área periférica, cuidando do saneamento básico, incrementando políticas habitacionais e, principalmente, incorporando e adotando ações voltadas aos moradores de rua, que aumentaram significativamente com a pandemia. Isso sem falar na questão do desemprego e na Cracolândia, problema que persiste há várias gestões e que foi agravada neste período”, ressalta.

Se os problemas são conhecidos, o que muda neste ano é a força da oposição que Covas terá de enfrentar na Câmara Municipal, e não apenas à esquerda, mas também à direita.

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