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Briga por cargos leva PT do Rio a adiar convenção

Por Agencia Estado
Atualização:

Durou apenas 41 dias a trégua pública estabelecida entre as correntes petistas a partir da posse de Benedita da Silva (PT) no governo fluminense, em 6 de abril. Uma reunião do presidente nacional do partido, deputado José Dirceu (SP), com os chefes dos grupos abrigados na administração, hoje à tarde, para discutir a convenção da legenda, marcada para o dia 26, degenerou em reclamações por cargos no Estado e terminou na proposta de adiar o encontro estadual para o fim de junho. A esquerda do partido, fora do governo, lutará contra a idéia, que pode marcar a volta do confronto de tendências no Rio. O secretário de Governo, Val Carvalho, um dos mais próximos de Benedita e ligado à corrente moderada Articulação, explicou que "havia muita demanda reprimida" em relação a postos no governo. "Isso aflorou na reunião", contou. O presidente nacional do partido, que evitou entrevistas, disse aos petistas que não estava ali para discutir cargos, mas política, e prometeu voltar na segunda-feira. A proposta de adiar o encontro, segundo Val, foi levantada pela Articulação e pela corrente Opção Popular, e teve o apoio consensual dos cerca de 30 presentes, no centro administrativo do Estado, no Banerjão, no Centro. "É melhor adiar para procurarmos um entendimento", declarou Carvalho. "A discussão estava muito em cima de cargos, e na convenção temos que discutir tática eleitoral, vice, coordenação de campanha. Não havia clima." Segundo ele, o encontro estadual teria de ser adiado de qualquer forma, porque a data inicialmente marcada era a mesma da próxima reunião do diretório nacional. O dirigente petista Antonio Neiva, um dos coordenadores do grupo Refazendo, da esquerda do PT fluminense, disse que sua corrente é contra o adiamento, que apontou como uma suposta tentativa da Articulação de enquadrar os grupos petistas menores e vencer o encontro estadual. "A Articulação quer emparedar os grupos menores, para depois emparedar a gente", acusou. Para Neiva, que criticou o que chamou de "lógica mesquinha" da decisão, há na proposta de adiamento componentes de irresponsabilidade com a campanha, que vai demorar mais a ir para a rua, e incompetência para resolver problemas menores. "O adiamento não aproveita a maré favorável do crescimento do Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República)", disse ele. "Vamos tentar mudar essa decisão, embora em condições francamente desfavoráveis."

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