Brics têm de assumir protagonismo na economia mundial, diz Mantega

Com economias fracas dos EUA e Europa nos próximos anos, crescimento econômico será liderado por Brics.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em entrevista à BBC que os países do chamado grupo dos Brics (Brasil, Rúsia, Índia e China) têm de "assumir o protagonismo" da cena econômica mundial. "Os Estados Unidos continuarão um, dois, três anos com a economia fraca. Os países europeus continuarão um, dois, três anos com a economia fraca. Mas os Brics sairão com um crescimento mais forte. O crescimento de economia mundial vai ser liderado pelos Brics. Então, nós temos que assumir esse protagonismo e ter uma ação em cima disso." A afirmação foi feita em entrevista exclusiva ao correspondente da BBC Gary Duffy, às vésperas do encontro de cúpula que reunirá os líderes dos quatro países a partir desta terça-feira em Ecaterimburgo, na Rússia. "O fato de termos valorizado o G20 já significa o reconhecimento de que os países emergentes têm um papel importante na economia mundial", disse. Segundo Mantega, outra forma de colocar o "protagonismo" em prática seria por meio de mais influência no Fundo Monetário Internacional (FMI). "Nós estamos pressionando o Fundo Monetário de modo que a nossa participação, que hoje é muito pequena e não é proporcional à nossa participação na economia mundial, seja reconhecida. Já existe um compromisso do fundo de fazer uma reforma em 2011." Moeda O ministro também defendeu que o real e o iuan tenham um papel cada vez maior no comércio internacional, embora tenha reconhecido que "o dólar vai continuar sendo a principal moeda nos próximos anos mesmo que a economia americana esteja mais fraca". Segundo Mantega, a discussão sobre o o uso das moedas nacionais nas trocas bilaterais entre os países dos Brics estará na pauta de Ecaterimburgo. O Brasil já tem acordo semelhante com Argentina desde o ano passado, mas apenas cerca de 3% das trocas são feitas em reais e pesos. Segundo Mantega, o percentual relativamente baixo se explica pela novidade do mecanismo. "Nós temos que nos adaptar", disse Mantega, "a tendência é que isso vai crescer. Nós temos US$ 30 bilhões com intercâmbio com a Argentina. Com a China nós temos US$ 40 bilhões." Sobre a economia brasileira, Mantega reafirmou as previsões de crescimento nem torno de 1% neste ano e entre 3% e 4% em 2010. Questionado sobre se a previsão não seria otimista demais, Mantega disse que o governo "está sendo realista, não otimista". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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