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Brasileiro tenta clonar uma vaca, mas nasce um bezerro macho

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Por Agencia Estado
Atualização:

Era para ser um grande dia para a ciência brasileira. A equipe do professor José Antonio Visintin, da Universidade de São Paulo (USP), aguardava o nascimento de uma bezerra clonada, em uma fazenda perto do aeroporto de Viracopos, na região de Campinas, interior de São Paulo. Seria a primeira clonagem por célula de uma vaca adulta nelore do mundo. Mas, para surpresa do pesquisador, nasceu um bezerro macho. Visintin, do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, não sabe o que pode ter acontecido. Cientificamente, é impossível que um clone feito a partir de uma célula adulta, no caso tirada da orelha de uma vaca nelore, seja macho. "Não faz sentido", afirma Rodolfo Rumpf, coordenador do Projeto de Biotecnologia da Reprodução, responsável pela bezerra Vitória, clone feito a partir de uma célula embrionária, que nasceu em março de 2001. "O sexo já está definido na célula somática. Não sabemos o que provocou a inversão do sexo do animal. Precisamos agora fazer testes de DNA para chegarmos a uma justificativa", diz Visintin. Segundo ele, a clonagem por embriões já é corriqueira, mas a expectativa de um clone por célula adulta seria uma grande contribuição para os meios científicos. "Dentro dos próximos 15 dias teremos uma posição sobre o que ocorreu." O bezerro nasceu no fim da tarde de sábado, em uma operação cesariana, e passa bem. O experimento já dura dois anos e tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Central de Embriões da Fazenda Panorama, em Campinas, que faz inseminações artificiais. O diretor-científico da Fapesp, José Fernando Perez, não tem dúvidas sobre a competência da equipe de Visintin. "É um grupo forte", diz. Não conseguiu, porém, conter uma gargalhada quando soube do nascimento do inesperado macho. e acordo com Visintin, outras duas vacas receberam células clonadas. Se gerarem fêmeas, a possibilidade de clonagem deve ser confirmada. "Mas, se nascerem machos, vamos verificar o que aconteceu", disse. Uma vaca está no segundo mês de gestação e a outra com quatro meses. Visintin não descarta uma vaga possibilidade de a vaca ter sido coberta por um touro, ou ainda que a célula implantada tenha morrido. O pesquisador Rumpf também especula que possa ter havido um erro no laboratório, talvez uma troca de biópsia. "Não vamos desistir. Se foi um erro de célula, as outras vacas devem parir machos. A técnica foi um sucesso, fora essa surpresa", diz Visintin.

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